Eu cantei já, e agora vou chorando
O tempo que cantei tão confiado;
Parece que no canto já passado
Se estavam minhas lágrimas criando.
Cantei: mas se me alguém pergunta "quando":
Não sei, que também fui nisso enganado.
É tão triste este meu presente estado
Que o passado por ledo estou julgando.
Fizeram-me cantar, manhosamente,
Contentamentos não, mas confianças;
Cantava, mas já era ao som dos ferros.
De quem me queixarei, se tudo mente?
Mas eu que culpa ponho às esperanças
Onde a Fortuna injusta é mais que os erros?
Luís Vaz de Camões
quinta-feira, 27 de março de 2008
Eu cantei já, e agora vou chorando
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