Presença bela, angélica figura,
Em quem, quanto o Céu tinha, nos tem dado;
Gesto alegre, de rosas semeado,
Entre as quais se está rindo a Fermosura;
Olhos, onde tem feito tal mistura
Em cristal branco e preto marchetado,
Que vemos já no verde delicado
Não esperança, mas enveja escura;
Brandura, aviso e graça que, aumentando
A natural beleza c'um desprezo
Com que, mais desprezada, mais se aumenta;
São as prisões de um coração que, preso,
Seu mal ao som dos ferros vai cantando,
Como faz a sereia na tormenta.
Luís Vaz de Camões
sexta-feira, 28 de março de 2008
Presença bela, angélica figura
Etiquetas:
Luís Vaz de Camões
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário