Na ribeira do Eufrates assentado,
discorrendo me achei pela memória
aquele breve bem, aquela glória,
que em ti, doce Sião, tinha passado.
Da causa de meus males perguntado
me foi: «Como não cantas a história
de teu passado bem, e da vitória
que sempre de teu mal hás alcançado?
Não sabes que, a quem canta, se lhe esquece
o mal, inda que grave e rigoroso?
Canta, pois, e não chores dessa sorte».
Respondo com suspiros: «Quando crece
a muita saudade, o piadoso
remédio é não cantar senão a morte».
Luís Vaz de Camões
sexta-feira, 28 de março de 2008
Na ribeira do Eufrates assentado
Etiquetas:
Luís Vaz de Camões
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário