Sentindo-se tomada a bela esposa
de Céfalo, no crime consentido,
para os montes fugia do marido;
e não sei se de astuta ou vergonhosa.
Porque ele, enfim, sofrendo a dor ciosa.
de amor cego e forçoso compelido,
após ela se vai como perdido,
já perdoando a culpa criminosa.
Deita-se aos pés da Ninfa endurecida,
que do cioso engano está agravada;
já lhe pede perdão, já pede a vida.
Ó força de afeição desatinada!
Que de culpa contra ele cometida,
perdão pedia à parte que é culpada!
Luís Vaz de Camões
sábado, 29 de março de 2008
Sentindo-se tomada a bela esposa
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