Se com desprezos, Ninfa, te parece
que podes desviar do seu cuidado
um coração constante, que se of'rece
a ter por glória o ser atormentado,
deixa a tua porfia e reconhece
que mal sabes de amor desenganado,
pois não sentes nem vês que em teu mal crece,
crecendo em mi, de ti mais desamado.
O esquivo desamor com que me tratas
converte em piadade, se não queres
que creça o meu querer em teu desgosto.
Vencer-me com cruezas nunca esperes;
bem me podes matar, e bem me matas;
mas sempre há-de viver meu pressuposto.
Luís Vaz de Camões
sábado, 29 de março de 2008
Se com desprezos, Ninfa, te parece
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Luís Vaz de Camões
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