sábado, 29 de março de 2008

Tornai essa brancura à alva açucena

Tornai essa brancura à alva açucena,
e essa purpúrea cor às puras rosas;
tornai ao sol as chamas luminosas
dessa vista que a roubos vos condena.

Tornai à suavíssima sirena
dessa voz as cadências deleitosas;
tornai a graça às Graças, que queixosas
estão de a ter por vós menos serena.

Tornai à bela Vénus a beleza;
a Minerva o saber, o engenho e a arte;
e a pureza à castíssima Diana.

Despojai-vos de toda essa grandeza
de dões; e ficareis em toda a arte
convosco só, que é só ser inumana.

Luís Vaz de Camões

1 comentários:

Anónimo disse...

Qual é o numero de silabas metrica dos versos do soneto