sexta-feira, 12 de maio de 2006

Manuel Maria Du Bocage (1765 - 1805)



"Magro, de olhos azuis, carão moreno",
como o poeta se auto-retratou
e como o pintor (Elói) o viu
(Câmara Municipal de Setúbal)








Manuel Maria Barbosa du Bocage nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765, neto de um Almirante francês que viera organizar a nossa marinha, filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, que foi juiz de fora, ouvidor, e depois advogado e de Mariana Lestoff du Bocage, cedo revelou a sua sensibilidade literária, que um ambiente familiar propício incentivou.

Sua mãe era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa, madame Marie Anne Le Page du Bocage, tradutora do Paraíso de Milton, imitadora da Morte de Abel, de Gessner, e autora da tragédia As Amazonas e do poema épico em dez cantos A Columbiada, que lhe mereceu a coroa de louros de Voltaire e o primeiro prémio da academia de Rouen.

Apesar das inúmeras biografias publicadas após a sua morte, uma boa parte da sua vida permanece um mistério. Não sabemos que estudos fez, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim. A identificação das mulheres que amou é muito duvidosa e discutível.

Aos 16 anos assentou praça no regimento de infantaria de Setúbal e aos 18 alistou-se na Marinha, tendo feito o seu tirocínio em Lisboa e embarcado, posteriormente, para Goa, na qualidade de oficial.

Em 14 de Abril de 1786, embarcou como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que fez escala no Rio de Janeiro (finais de Junho) e na Ilha de Moçambique (início de Setembro) e chegou à Índia em 28 de Outubro de 1786. A sua estadia neste território caracterizou-se por uma profunda desadaptação. Com efeito, o clima insalubre, a vaidade e a estreiteza cultural que aí observou, conduziram a um descontentamento que retratou em alguns sonetos de carácter satírico.Em Pangim, frequentou de novo estudos regulares de oficial de marinha. Foi depois colocado em Damão, mas desertou, embarcando para Macau. Estranhamente, não foi punido e deverá ter regressado a Lisboa em meados de 1790.

Na capital, vivenciou a boémia lisboeta, frequentou os cafés que alimentavam as ideias da revolução francesa, satirizou a sociedade estagnada portuguesa, desbaratou, por vezes, o seu imenso talento.

Em 1791, publicou o seu primeiro tomo das Rimas, ao qual se seguiram ainda dois, respectivamente em 1798 e em 1804. No início da década de noventa, aderiu à "Nova Arcádia", uma associação literária, controlada por Pina Manique, que metodicamente fez implodir. Efectivamente, os seus conflitos com os poetas que a constituíam tornaram-se frequentes, sendo visíveis em inúmeros poemas cáusticos.

Em 1797, Bocage foi preso por, na sequência de uma rusga policial, lhe terem sido detectados panfletos apologistas da revolução francesa e um poema erótico e político, intitulado "Pavorosa Ilusão da Eternidade", também conhecido por "Epístola a Marília".
Encarcerado no Limoeiro, acusado de crime de lesa-majestade, moveu influências, sendo, então, entregue à Inquisição, instituição que já não possuía o poder discricionário que anteriormente tivera. Em Fevereiro de 1798, foi entregue pelo Intendente Geral das Polícias, Pina Manique, ao Convento de S. Bento e, mais tarde, ao Hospício das Necessidades, para ser "reeducado". Naquele ano foi finalmente libertado.

Em 1800, iniciou a sua tarefa de tradutor para a Tipografia Calcográfica do Arco do Cego, superiormente dirigida pelo cientista Padre José Mariano Veloso, auferindo 12.800 réis mensalmente.

A partir de 1801, até à morte por aneurisma, viveu em casa por ele arrendada no Bairro Alto, naquela que é hoje o nº 25 da travessa André Valente.

A sua saúde sempre frágil, ficou cada vez mais debilitada, devido à vida pouco regrada que levara. Em 1805, com 40 anos, faleceu na Travessa de André Valente em Lisboa, perante a comoção da população em geral. Foi sepultado na Igreja das Mercês.


Sonetos de Manuel Maria du Bocage
(ver TODOS)

A frouxidão no amor é uma ofensa (ver soneto)
Deixar, amado bem, teu lindo rosto (ver soneto)
Há pouco a mãe das graças, dos Amores (ver soneto)
Nascemos para amar (ver soneto)
O ledo passarinho que gorjeia (ver soneto)
Ó tranças de que Amor prisões me tece (ver soneto)
Os suaves eflúvios,que respira (ver soneto)
Soneto 9 (ver soneto)
Soneto 15 (ver poema)
Soneto 17 (ver soneto)
Soneto 30 (ver soneto)
Soneto 33 (ver soneto)
Soneto 37 (ver soneto)
Soneto 144 (ver soneto)
Temo que minha ausência e desventura (ver soneto)


Principais fontes consultadas para o texto:
http: //atelier.hannover2000.mct.pt/~pr349
http: //purl.pt/1276/1/cronologia.html
http: //pt.wikipedia.org/wiki/Bocage

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