sábado, 13 de maio de 2006

Fernando Pessoa (1888 - 1935)





Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925




Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, a 13 de Junho de 1888 e faleceu na mesma cidade, no dia 30 de Novembro de 1935. Ficou conhecido como Fernando Pessoa e foi um dos maiores poetas de língua portuguesa.
A gradiosidade da sua obra é comparada com a de Luís Vaz de Camões.

O crítico literário Harold Bloom considerou-o, ao lado de Pablo Neruda, o mais representativo poeta do século XX.
Por ter vivido a maior parte de sua juventude na África do Sul, a língua inglesa também possui algum destaque na sua vida. Fernando Pessoa recorreu a essa língua, para estudar, trabalhar, traduzir e escrever.

Teve uma vida discreta, trabalhando em áreas como o jornalismo, a publicidade, o comércio e, principalmente, a literatura, onde se desdobrou em várias outras personalidades conhecidas como heterónimos.
A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do facto de ser o maior autor da heteronímia.

Morreu de problemas hepáticos aos 47 anos na mesma cidade onde nascera. A sua última frase terá sido escrita na língua inglesa, com toda a simplicidade que a liberdade poética sempre lhe concedeu:
"I know not what tomorrow will bring... " ("Eu não sei o que o amanhã trará").




Os seus heterónimos

Álvaro de Campos



Entre todos os heterónimos, Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo de sua obra.
Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo.

Começa sua trajectória como um decadentista (influenciado pelo Simbolismo), mas logo adere ao Futurismo.



Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia niilista, expressa naquele que é considerado um dos poemas mais conhecidos e influentes da língua portuguesa, Tabacaria.

Ricardo Reis

O heterónimo Ricardo Reis é descrito como sendo um médico que se definia como latinista e monárquico.

De certa maneira, simboliza a herança clássica na literatura ocidental, expressa na simetria, harmonia, um certo bucolismo, com elementos epicuristas e estóicos. O fim inexorável de todos os seres vivos é uma constante em sua obra, clássica, depurada e disciplinada.

Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil em protesto à proclamação da República em Portugal e não se sabe o ano de sua morte.

José Saramago, em O ano da morte de Ricardo Reis continua, numa perspectiva pessoal, o universo deste heterónimo, após a morte de Fernando Pessoa, cujo fantasma estabelece um diálogo com o seu heterónimo, sobrevivente ao criador.


Alberto Caeiro

Caeiro, por seu lado, nascido em Lisboa teria vivido quase toda a vida como camponês, quase sem estudos formais, teve apenas a instrução primária, mas é considerado o mestre entre os heterónimos (pelo ortónimo, inclusive).

Morreram-lhe o pai e a mãe, e ele deixou-se ficar em casa com uma tia-avó, vivendo de modestos rendimentos. Morreu de tuberculose.

Também é conhecido como o poeta-filósofo, mas rejeitava este título e pregava uma "não-filosofia". Acreditava que os seres simplesmente são, e nada mais: irritava-se com a metafísica e qualquer tipo de simbologia para a vida.

Dos principais heterónimos de Fernando Pessoa, Caeiro foi o único a não escrever em prosa. Alegava que somente a poesia seria capaz de dar conta da realidade.
Possuía uma linguagem estética direta, concreta e simples, mas ainda assim, bastante complexa do ponto de vista reflexivo.

A sua ideologia resume-se no verso:
Há metafísica bastante em não pensar em nada.

A sua obra está agrupada na colectânea: Poemas Completos de Alberto Caeiro.



Bernardo Soares

É o autor do Livro do Desassossego, escrito em forma de fragmentos.

Apesar de fragmentário, o livro é considerado uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no séc. XX, ao encenar na linguagem categorias várias que vão desde o pragmatismo da condição humana até o absurdo da própria literatura.
Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu próprio livro, um simples ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. É considerado um semi-heterónimo porque, como seu próprio criador explica "não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."

Sonetos de Fernando Pessoa
ou dos seus heterónimos...


Aconteceu-me do alto do infinito
A Daisy Manson (ver soneto)
Adagas cujas jóias velhas galas...
Ah, mas aqui, onde irreais erramos
Ah, um soneto
(ver soneto)
A minha vida é um barco abandonado
A Praça (ver soneto)
As tuas mãos terminam em segredo
Autopsicografia (ver soneto)
Barrow on Furness (ver soneto)
Durmo ou não ? Passam juntas em minha alma (ver soneto)
Meu coração tardou (ver soneto)

Nas grandes horas em que a insónia avulta (ver soneto)
Olhando o mar, sonho sem ter de quê (ver soneto)
Se penso mais que um momento (ver soneto)
Soneto a Raúl de Campos (ver soneto)
Sonho (ver soneto)
Tinha o Trono onde ter uma rainha (ver soneto)

Todos os sonetos apresentados, possuem direitos de autor, e servem fins educativos.

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