quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

A Daisy Manson

Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás-de
Dizer aos meus amigos aí de Londres,
Que, embora não o sintas, tu escondes
A grande dor da minha morte. Irás de

Londres pra York, onde nasceste (dizes-
Que eu nada que tu digas acredito...),
Contar àquele pobre rapazito
Que me deu tantas horas tão felizes,

(Embora não o saibas) que morri.
Mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar,
Nada se importará. Depois vais dar

A notícia a essa estranha Cecily
Que acreditava que eu seria grande...
Raios partam a vida e quem lá ande!...

Álvaro de Campos, Dezembro de 1913 in, «Poesia de Álvaro de Campos»
(Fernando Pessoa)

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