terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Sonetos de Florbela Espanca (1894 - 1930)

Foi uma poetisa portuguesa, natural de Vila Viçosa (Alentejo), onde nasceu em 1894, filha ilegítima de João Maria Espanca e de Antónia da Conceição Lobo, sua empregada como criada de servir (como se dizia na época).

Morreu com apenas 36 anos, no dia do seu aniversário, a 8 de Dezembro de 1930. Tendo a sua mãe falecido em 1908, e apesar de registada como filha de pai incógnito, foi educada pelo pai e pela madrasta, Mariana Espanca, em Vila Viçosa, tal como seu irmão de sangue, Apeles Espanca, nascido em 1897 e registado da mesma maneira.


Note-se como curiosidade que o pai, que sempre a acompanhou, só 19 anos após a morte da poetisa, por altura da inauguração do seu busto, em Évora, e por insistência de um grupo de florbelianos, a perfilhou.
Estudou no liceu de Évora, mas só depois do seu casamento (1913) com Alberto Moutinho concluiu, em 1917, a secção de Letras do Curso dos Liceus. Em Outubro desse mesmo ano matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que passou a frequentar.
Na capital, contactou com outros poetas da época e com o grupo de mulheres escritoras que então procurava impor-se.
Colaborou em jornais e revistas, entre os quais o Portugal Feminino.
Em 1919, quando frequentava o terceiro ano de Direito, publicou a sua primeira obra poética, Livro de Mágoas.
Em 1921, divorciou-se de Alberto Moutinho, de quem vivia separada havia alguns anos, e voltou a casar, no Porto, com o oficial de artilharia António Guimarães. Nesse ano também o seu pai se divorciou, para casar, no ano seguinte, com Henriqueta Almeida.
Em 1923, publicou o Livro de Sóror Saudade.
Em 1925, Florbela casou-se, pela terceira vez, com o médico Mário Laje, em Matosinhos. Os casamentos falhados, assim como as desilusões amorosas, em geral, e a morte do irmão, Apeles Espanca (a quem Florbela estava ligada por fortes laços afectivos), num acidente com o avião que tripulava sobre o rio Tejo, em 1927, marcaram profundamente a sua vida e obra.
Em Dezembro de 1930, agravados os problemas de saúde, sobretudo de ordem psicológica, Florbela morreu em Matosinhos, tendo sido apresentada como causa da morte, oficialmente, um «edema pulmonar».
Postumamente foram publicadas as obras:
Charneca em Flor (1930),
Cartas de Florbela Espanca, por Guido Battelli (1930),
Juvenília (1930),
As Marcas do Destino (1931, contos),
Cartas de Florbela Espanca, por Azinhal Botelho e José Emídio Amaro (1949) e
Diário do Último Ano Seguido De Um Poema Sem Título, com prefácio de Natália Correia (1981). O livro de contos Dominó Preto ou Dominó Negro, várias vezes anunciado (1931, 1967), seria publicado em 1982.
A poesia de Florbela caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito.
A veemência passional da sua linguagem, marcadamente pessoal, centrada nas suas próprias frustrações e anseios, é de um sensualismo muitas vezes erótico. Simultaneamente, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas, transbordando a convulsão interior da poetisa para a natureza. Florbela Espanca não se ligou claramente a qualquer movimento literário. Está mais perto do neo-romantismo e de certos poetas de fim-de-século, portugueses e estrangeiros, que da revolução dos modernistas, a que foi alheia. Pelo carácter confessional, sentimental, da sua poesia, segue a linha de António Nobre, facto reconhecido pela poetisa. Por outro lado, a técnica do soneto, que a celebrizou, é, sobretudo, influência de Antero de Quental e, mais longinquamente, de Camões. Poetisa de excessos, cultivou exacerbadamente a paixão, com voz marcadamente feminina (em que alguns críticos encontram dom-joanismo no feminino). A sua poesia, mesmo pecando por vezes por algum convencionalismo, tem suscitado interesse contínuo de leitores e investigadores. É tida como a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX.
Sonetos de Florbela Espanca
Por ordem alfafética:

?
?!
À Guerra
À janela de Garcia de Resende
À morte
Às mães de Portugal
Árvores do Alentejo
A Anto !
A esta hora ...
A flor do sonho
Canção grata
Carta para longe
Chopin
Deixai entrar a Morte
Desdém
Divino instante
Doce certeza
Doce milagre
Duas quadras
Escrava
Escreve-Me
Escuta...
Hora que passa
Humildade
IX
Junquilhos ...
Lágrimas ocultas
Languidez
Mistério D`Amor
Nunca mais!
O espectro
Súplica
Triste passeio
Vão Orgulho

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