domingo, 6 de janeiro de 2008

Espera ...

Não me digas adeus, ó sombra amiga,
Abranda mais o ritmo dos teus passos;
Sente o perfume da paixão antiga,
Dos nossos bons e cândidos abraços!

Sou dona de místicos cansaços,
A fantástica e estranha rapariga
Que um dia ficou presa nos teus braços…
Não vás ainda embora, ó sombra amiga!

Teu amor fez de mim um lago triste:
Quantas ondas a rir que não lhe ouviste,
Quanta canção de ondinas lá no fundo!

Espera…espera…ó minha sombra amada…
Vê que pra além de mim já não há nada
E nunca mais me encontrarás neste mundo!

Florbela Espanca em A mensageira das violetas

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