sábado, 19 de janeiro de 2008

Soneto 38

Como pode querer tema minha Musa,
Se vives e ao meu verso estás doando
Teu próprio tema sem que reproduza
Algum papel vulgar tal brilho brando?

Oh! louva-te a ti mesmo, se algo em mim
Achares de valor com olhar honrado;
Pois quem tão vil será que não, enfim,
Fala de ti, se és luz de todo achado?

Sê então a Musa dez, que vale dez
Vezes do rimador as nove herdades,
E àquele que te invoca deixa a vez

P'ra que seu verso dure à eternidade.
Se a minha Musa vale por memória,
É meu o esforço, mas é tua a glória.

William Shakespeare - Tradução de Diego Raphael

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