sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Temo que a minha ausência e desventura

Temo que a minha ausência e desventura
Vão na tua alma, docemente acesa,
Apoucando os excessos da firmeza,
Rebatendo os assaltos da ternura.

Temo que a tua singular candura
Leve o Tempo, fugaz, nas asas presa,
Que é quase sempre o vício da beleza
Génio mudável, condição perjura.

Temo; e se o mau fado, fado inimigo,
Confirmar impiamente este receio.
Espectro perseguidor que anda comigo,

Com rosto alguma vez de mágoa cheio,
recorda-te de mim, dize contigo:
«Era fiel, amava-me e deixei-o»

Bocage in «366 poemas que falam de amor»

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