É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento da Saudade!
E logo vou olhar ( com que ansiedade!…)
As minhas mãos esguias, languescentes,
Mãos de brancos dedos, uns bebés doentes
Que hão-de morrer em plena mocidade!
E ser-se novo é ter-se o Paraíso
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida,
Aonde tudo é luz e graça e riso!
E os meus vinte e três anos…( Sou tão nova! )
Dizem baixinho a rir “Que linda a vida!…”
Responde a minha Dor: “Que linda a cova!”
Florbela Espanca em O Livro de Mágoas
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Dizeres íntimos
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Florbela Espanca,
Livro de Mágoas
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