segunda-feira, 30 de maio de 2011

O milagre de cada dia!

30 de Maio de 2011, dia inesquecível.
Hoje aconteceu um milagre.
Daqueles milagres que acontecem todos os dias!
O que torna este milagre tão especial?
Somente o facto da mensageira ser minha mãe.
Sim a minha adorada mãe!
Ali deitada numa cama de hospital,
Prestes a completar 91 anos,
Com um sorriso que envergonha o sol.
E o olhar brilhante transbordando de alegria.
Nos lábios uma oração de louvor a Deus.
No coração fraquinho, a frutuosa sabedoria,
De fazer saber o dom que É saber amar,
O marido, filhos, netos, bisnetos, todos tão preciosos.
Nas mãos o gesto de carinho perene.
Qual jovem gazela correndo pelos verdes prados,
Esta amorosa velhinha tão debilitada,
Tem a coragem de lutar, só para nos ensinar,
a sermos persistentes e fortes na adversidade.
Com a presença do Espírito Divino,
foi o acto da reconciliação que lhe iluminou
a Alma e lhe encheu o espírito de humildade.
Eu, tua filha, sinto-me agraciada por herdar
de Ti o sangue que me corre nas veias,
e o orgulho de te ter como mãe.
Só espero que a lição que hoje aprendi,
Me ensine a ser melhor mãe, melhor avó,
e sobretudo melhor irmã.
Mas mais importante ainda, melhor ser humano!
Pois não conheço melhor forma de te honrar.
Amo-te santa mãe, oxalá seja sempre digna de ser tua filha.

A Ti meu Deus,
Agradeço-Te por realizares o desejo de minha mãe.


Olinda Ribeiro
PS: Pai-nosso que estás no céu… Obrigada por mais este milagre!
Maio mês de Maria e de grande devoção a todas as mães.
23h e 35m

Sofridas lágrimas

Sofridas lágrimas ensombram-me os olhos,
Misturando-se com as grossas gotas de água.
Sentado e sem forças, por entre os restolhos,
Ensopado com a chuva e com a mágoa.

Sem reacção, deambulo, desesperado.
Porque não apaziguas a minha dor ?
Tu, que me deixaste aqui, abandonado,
Sufocas-me lentamente e sem pudor…

Sangro por dentro… Já nem quero mais viver.
Neste eterno impasse, já sem esperança,
À chuva, desamparado por ti sofri.

Se amar-te assim tanto, simboliza sofrer,
Chorar perdido, tal e qual uma criança,
Porque carpe ainda o meu coração por ti ?

2011 Vasco de Sousa

Só Você

Ao ouvir a tua voz
no teu respirar
em meu dormir
o meu pensar é você

No meu levantar
no meu caminhar
meu coração bate por você

Em meus pensamentos
no meu falar
no meu meditar
meu coração bate por você

Meu coração te dou
para que todos saibam
que eu quero só você
Só você

Lucas Freire
Poema enviado por um leitor, para publicação

sábado, 28 de maio de 2011

Loucura… ou amor doentio?

Apartar, banir, exilar….
Este amor que me corrompe,
E dilata como bola de sabão,
Sinto-me como a asfixiar...
O delírio por mim irrompe,
Tolda-me o tino e a razão.
Deixa-me exaurida, exangue!
Bramo gemidos lacrimais,
Vocifero dolorosa pungente,
Palavras cobertas de sangue,
De dores e mágoas brutais,
Martirizado coração indigente!

Destemida, dispo a dor de vez…
Descarrego-a no cais da agrura,
Embarco-a, vai, parte, desaparece,
Por milagre, ou por loucura, talvez,
Consiga afastar a amargura,
E quem sabe? A serenidade regresse…

2011 Olinda Ribeiro

segunda-feira, 23 de maio de 2011

On the highway all night long

Sempre que a adrenalina percorre o corpo,
Invade-me o prazer de quebrar as regras,
Como se aquilo, que fazer é suposto,
Me revolvesse lentamente as entranhas.

Um pequeno gosto, que se torna perverso,
Que me empurra em altas velocidades,
Soltando este Eu, na minha mente submerso,
Ao som de loucos, indecifráveis, acordes.

Esta personagem, na minha mente escondida,
É aquela que põe o dedo na ferida,
Que me liberta, quando me sinto a sofrer.

Apodera-se de mim. Sofro mutação.
Logo depois, penso que perdi a razão.
Não será ela, o meu verdadeiro Ser ?

2011 Vasco de Sousa

A face oculta da Lua

Sento-me.
Fecho os olhos e procuro,
Sozinho no meu quarto escuro.
Procuro-me.
Lá no fundo da minha mente,
Onde nunca vejo claramente.
Quero encontrar-me !
Como se não soubesse quem Sou,
(porque talvez não o saiba)
Como quem nunca se procurou.

Quero encontrar-me !
E quando o descobrir,
(Esta agora é para rir…)
Então é que nada saberei !
Porque Eu, até posso ser (serei ?)
Alguém que julgo desconhecer,
E não quem tu terás imaginado,
Dentro deste corpo enclausurado.

Procuro. Escuto.
Um silêncio inquietante.
Uma ou outra voz murmurante.
E se não estou sozinho ?
Quantos existirão dentro de mim ?
Nunca me tinha visto assim…
(Estarei eu a ficar doidinho ?)
Serei o Deus omnipotente,
De todas as criaturas da minha alma ?
É melhor talvez, eu ter calma,
Senão ainda fico doente.
Mas não consigo deixar de escutar,
Pequenas vozinhas dentro de mim,
Umas baixinho, outras a gritar.
“Não te assustes… tu És assim…”

Acalmo. O sono chegou.
Vou dormir feliz !
Ainda não sei quem sou
(Mas esteve por um triz…)
Adormeço. Elevo-me. Estás a meus pés !
Tu, que com espanto me olhas,
Que me espreitas pelas entranhas,
Saberás tu, afinal, quem És ?

2011 Vasco de Sousa

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Uma flor

Uma flor, pequena, singela e tão frágil,
Sozinha, ali perdida por entre as ervas.
Irradia grande pureza, sem reservas !
Apaixonei-me por ela, de forma fácil.

Fascina-me toda a sua delicadeza,
Todas as cores do seu belo sorriso,
O seu movimento, ondulante e preciso.
Orgulho-me de ver esta sua beleza.

Protejo-te de quem te poderá pisar,
Porque agora tu és a minha vida,
Sentado, envolvo-te com o meu amor.

E assim, aqui junto de ti vou ficar,
Quero ver-te assim ! Bela e florida !
Serei agora o teu anjo protector.

2011 Vasco de Sousa

Salvem-se as aparências!

Ascendo divinamente empertigada,
Colorida de lágrimas e tristeza,
Assino com a alma nublada,
O vão estoicismo da firmeza.

Sinto-me velha e embriagada,
Deambulando polida e desditosa,
Disfarçando qual rosa desfolhada,
Sem perfume, sem razão de ser rosa.

Vejo-me assim arremetida,
Ao arranjo educado de parecer bem,
De todos escondendo a agrura.

Que é ofensa estar entristecida,
Quando tantos querem comer bem,
E eu só quero um pouco de ternura!

2011 Olinda Ribeiro

Versejando em sofrimento

Embora me sinta afoita,
Aquieto-me escrevendo versos,
Escrevo-os rezando terços,
Orações que a alma acoita.

Tornear a sibilina apatia,
Escuridão que ousa ladear,
O anoitecer que vem a chegar,
Depois a dor, abismo, nasce o dia.

Com a claridade venho também,
Intimamente contar um segredo,
Daqueles que guardo sem saber,

Que julgando indigno de alguém,
Remeto-o para o longo degredo,
E deixo-me quieta a sofrer!

2011 Olinda Ribeiro

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Eu!? Ou um eco de mim…

Era uma vez eu…
Andava meia perdida
Andava meia encontrada
Pensava saber qualquer coisa
Pobre de mim
Não sei nada!

Era uma vez eu…
Tinha urgência em escrever
Tinha urgência em sentir
Nesta amálgama de versos
Escrevo palavras perdidas
Encontro-as
Não sinto nada!

Era uma vez eu…
Dizem que sou eu
Descrevem o meu eu
Identificam-me a mim
Mas eis que de Eu
Pouco tenho…
Ou quase nada!

2011 Olinda Ribeiro

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Estou cansado

Sentei-me neste canto. Estou cansado !
Cansado de mais um dia de frustrações,
Cansado de mais um dia de ilusões,
Talvez cansado deste meu fado.

Esperas que eu seja sempre forte,
Que te apoie quando mais precisas,
Que cumpra todas essas premissas,
Que são de homem. Que grande sorte !

É este medo de te desapontar,
Que muitas vezes me faz fraquejar,
É esta vontade de querer chorar,
Que me deixa mais fraco, a vacilar.

Envolve-me nos teus braços,
Deixa que me sinta agora protegido,
Se for preciso ouve os meus soluços,
Nem que seja, um pequeno gemido.

Renova estas forças desgastadas,
Pois só assim neste meu pranto,
Envolto por ti, como num manto,
As minhas forças serão fortalecidas.

Abraça-me, beija-me, mima-me.
Aconchega a minha alma ! Ama-me !

2011 Vasco de Sousa

Por ti espero

Sentado sob a frescura do arvoredo,
Ouvindo o restolhar das suas folhas,
Que se mistura, baixo, quase a medo,
Com o piar dos pássaros e das rolas.

Sentado no banco de jardim espero,
O olhar pensativo, no horizonte,
Confiante, porque sei o que desejo,
Adormecido na paz reconfortante.

Tu sabes que apenas por ti espero,
Em apenas um só, nos complementamos,
Transformando o caos em harmonia.

Sabes que este meu amor é sincero,
É por isso, que debaixo destes ramos,
Por ti espero, repleto de alegria !

2011 Vasco de Sousa

sábado, 14 de maio de 2011

Mal-amados…Mas heróis.

Nós os mal-amados
Acalentamos estoicamente
A esperança de receber
O que sabemos nunca chegará,
As palavras que ansiamos ouvir,
As respostas que procuramos,
Amor de quem amamos secretamente.
O retorno do que semeámos,
Das mensagens que passamos.
Temos até receio que vasculhem,
O nosso interior e descubram,
Que a força que aparentamos ter,
É somente um mecanismo de defesa,
Para nos escudarmos a nós próprios,
Das sensações que sabemos ser ilusórias.
Dou comigo a dizer que amo,
A quem sei nunca me amará.
Exponho-me assim porque
Acalento o sabor de poder
Vir a saborear o êxtase de um
Momentâneo sorriso.
Sei que nunca receberei
Beijos apaixonados da tua
Boca tentadora,
Que não dormirei nos teus braços,
Que não me aconchegarás
No teu coração.
Nós os mal-amados
Vivemos do imaginário.
Conhecemos e deambulamos
Pela realidade irreal
De saber quem somos
E o que sempre teremos.
Só os sonhos são nossos,
Só os fogos-fátuos brilham
Para nós como estrelas.
Nós os mal-amados
Somos mal-amados
Porque amamos
INCONDICIONALMENTE

2011 Olinda Ribeiro

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O cão do meu pai

O meu pai não tinha cão!
Tinha cabras!
Teve várias cabras!
Bem também teve cabrões… (No dicionário vem cabrão = bode velho)
(Os cabrões eram indispensáveis)
Para cobrirem as cabras.
Tinha coelhos, variados coelhos,
Reproduziam-se como coelhos.
Galinhas muitas galinhas!
Poucos galos.
Só não percebo o porquê das cabras?
Não me lembro de se comerem cabras lá em casa!
Pronto tinha a mania das cabras.
Pronto ainda tem a mania das cabras!
Porque ainda tem cabras,
Três cabras, mas boas cabras.
Tinha muita bicharada,
Até chegou a ter porcos!
Só não sei porque é que não tem cão?
Porque é que nunca teve cão?
E eu que gostava tanto do cão do meu pai!
Esta é uma frase que até hoje não posso dizer,
Porque o meu pai não tem nem nunca teve cão!

Bem na verdade também não tenho cão!
Mas também não tenho cabras nem outra bicharada!
Algumas pessoas por vezes confundem as espécies,
Já tenho ouvido chamar cabras às mulheres
E cabrões aos homens….
(Deve ser falta de vista!)

2011 Olinda Ribeiro

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Não deixarei para amanhã !

Disperso nesta estranha melancolia,
Que me envolve nestes dias ensolarados,
Sonhando com tristeza, com alegria,
Sempre perdido em pensamentos passados.

De olhos vidrados, neste entardecer,
Medito na urgência destas palavras,
Que há muito as guardo para te dizer;
Que só para ti podem ser dirigidas.

Já não posso sequer deixar para amanhã,
Para te dizer como és importante !
Sem ti, voltaria a ficar perdido.

Tenho que te dizer hoje ! Não amanhã !
Que te amo incondicionalmente.
A minha vida, sem ti, não faz sentido.

2011 Vasco de Sousa

Entre o agora e o amanhã

Abre os braços e acolhe-me
Cobre de beijos minha face
Por uns minutos que seja
Deixa que me iluda…
Talvez percebas que tal como tu
Eu também preciso de mim…
Por agora só por agora deixa-me
Sentir o vento no rosto
As gotas de chuva lavarem
Minhas feridas
O sol secar o meu pranto
Amanhã…. Amanhã é outro dia
Estando perto…
Ainda está tão distante…
Deixa que entretanto eu respire
E me iluda nesta doce sensação
Que afinal existo.

2011 Olinda Ribeiro

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mimo cacofónico

Elevas o teu semblante
Com rasgo gentil, donairoso,
Trejeito equestre garboso,
Aspecto viril, mas elegante.
Sombreias a luz do riso,
No gargalhar sem encanto,
Escondendo amargo pranto,
Nas mágoas que te diviso.
Com um erguer de ceptro,
Aprazar-me-ia fazer-te feliz,
Acarinhar-te, aliviar-te o cariz,
Espantar para longe esse espectro.
Não tenho ceptro nem trono,
Tão pouco varinha de condão,
Tenho-te no meu coração,
O amor é o meu único patrono.
Perdoa a minha cacografia,
Mas é mesmo assim que sou,
Sendo tudo o que te dou,
Dou-te a minha amimaria.
Tudo para que o teu semblante,
Se mantenha gentil, donairoso,
De aspecto muito garboso,
E de sorriso galante.

2011 Olinda Ribeiro