Doente. Sinto-me com febre e com delírio
Enche-se o quarto de fantasmas
Uma visão desenha-se ante mim
Debruça-se de leve…
É uma mulher de sonho e suavidade
E disse-me baixinho:
“Eu me chamo Saudade,
E venho para levar-te o coração doente!
Não sofrerás mais; serás fria como o gelo;
Neste mundo de infâmia o que é que importa sê-lo
Nunca tu chorarás por tudo mais que vejas!”
E abriu-me o meu seio; tirou-me o coração
Despedaçado já sem uma palpitação,
Beijou-me e disse “Adeus!” E eu: “Bendita sejas!…”
Florbela Espanca in Trocando Olhares (1916)
sábado, 13 de janeiro de 2007
Visões da Febre
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Florbela Espanca
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