segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Soneto 17

Marília, nos teu olhos buliçososos
Amores gentis seu facho acendem,
A teus lábios voando, os ares fendem
Terníssimos desejos sequiosos.

Teus cabelos subtis e luminosos
Mil vistas cegam, mil vontades prendem,
E em arte aos de Minerva se não rendem
Teus alvos, curtos dedos melindrosos.

Reside em teus dedos a candura,
Mora a firmeza no teu peito amante,
A razão com teus risos se mistura;

És dos céus o composto mais brilhante:
Deram-se as mãos Virtude e Formosura
Para criar tua alma e teu semblante.

Bocage in «Obra Completa Volume I - Sonetos», Ed. Caixotim

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