Marília, se em teus olhos atentara
Do esterífero sólio reluzente,
Ao vil mundo outra vez o omnipotente,
O fulminante Júpiter baixara.
Se o Deus, que assanha as Fúrias, te avistara
As mãos de neve, o colo transparente,
Suspirando por ti, o caos ardente
Surgira à luz do dia e te roubara.
Se ao ver-te de mais perto o sol descera,
No áureo carro veloz dando-te assento,
Até da esquiva Dafne se esquecera.
E, se a força igualasse o pensamento,
Ó alma da minha alma, eu te of'recera
Com ela a terra, o Mar e o Firmamento.
Bocage in «Obra Completa Volume I - Sonetos», Ed. Caixotim
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Soneto 30
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