Num bosque que das Ninfas se habitava,
Sílvia, Ninfa linda, andava um dia;
subida nüa árvore sombria,
as amarelas flores apanhava.
Cupido, que ali sempre costumava
a vir passar a sesta à sombra fria,
num ramo o arco e setas que trazia,
antes que adormecesse, pendurava.
A Ninfa, como idóneo tempo vira
para tamanha empresa, não dilata,
mas com as armas foge ao Moço esquivo.
As setas traz nos olhos, com que tira.
Ó pastores! fugi, que a todos mata,
senão a mim, que de matar-me vivo.
Luís Vaz de Camões
sexta-feira, 28 de março de 2008
Num bosque que das Ninfas se habitava
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