Nos braços de um Silvano adormecendo
se estava aquela Ninfa que eu adoro,
pagando com a boca o doce foro,
com que os meus olhos foi escurecendo.
Ó bela Vénus! porque estás sofrendo
que a maior fermosura do teu coro
em um poder tão vil perca o decoro
que o mérito maior lhe está devendo?
Eu levarei daqui por pressuposto
desta nova estranheza, que fizeste,
que em ti não pode haver cousa segura.
Que, pois o claro lume, o belo rosto
àquele monstro tão disforme deste,
não creio que haja Amor, senão Ventura.
Luís Vaz de Camões
sexta-feira, 28 de março de 2008
Nos braços de um Silvano adormecendo
Etiquetas:
Luís Vaz de Camões
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário