Quando cuido no tempo que, contente,
Vi pérolas, neve, rosa e ouro,
Como quem vê por sonhos um tesouro,
Parece tenho tudo aqui presente.
Mas tanto que se passa este acidente,
E vejo o quão distante de vós mouro,
Temo quanto imagino por agouro,
Por que de imaginar também me ausente.
Já foram dias em que por ventura
Vos vi, Senhora, se assi dizendo posso,
Co coração seguro estar, sem medo;
Agora, em tanto mal não me assegura
A própria fantasia e nojo vosso:
Eu não posso entender este segredo!
Luís Vaz de Camões
sexta-feira, 28 de março de 2008
Quando cuido no tempo que, contente
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