Que modo tão sutil da Natureza,
para fugir ao mundo e seus enganos,
permite que se esconda, em tenros anos,
debaixo de um burel tanta beleza!
Mas esconder-se não pode aquela alteza
e gravidade de olhos soberanos,
a cujo resplandor entre os humanos
resistência não sinto, ou fortaleza.
Quem quer livre ficar de dor e pena,
vendo-a ou trazendo-a na memória,
na mesma razão sua se condena.
Porque quem mereceu ver tanta glória,
cativo há-de ficar; que Amor ordena
que de juro tenha ela esta vitória.
Luís Vaz de Camões
sexta-feira, 28 de março de 2008
Que modo tão sutil da Natureza
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