Passo por meus trabalhos tão isento
de sentimento grande nem pequeno
que, só pola vontade com que peno,
me fica Amor devendo mais tormento.
Mas vai-me Amor matando tanto a tento,
temperando a triaga co veneno,
que do penar a ordem desordeno,
porque não mo consente o sofrimento.
Porém, se esta fineza o Amor sente
e pagar-me meu mal com mal pretende,
torna-me com prazer como ao sol neve.
Mas se me vê cos males tão contente,
faz-se avaro da pena, porque entende
que, quanto mais me paga, mais me deve.
Luís Vaz de Camões
sexta-feira, 28 de março de 2008
Passo por meus trabalhos tão isento
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