Moradoras gentis e delicadas
do claro e áureo Tejo, que metidas
estais em suas grutas escondidas,
e com doce repouso sossegadas:
agora estais de amores inflamadas,
nos cristalinos paços entretidas;
agora no exercício embevecidas
das telas de ouro puro matizadas.
Movei dos lindos rostos a luz pura
de vossos olhos belos, consentindo
que lágrimas derramem de tristura.
E assi, com dor mais própria, ireis ouvindo
as queixas que derramo da Ventura,
que com penas de Amor me vai seguindo.
Luís Vaz de Camões
sexta-feira, 28 de março de 2008
Moradoras gentis e delicadas
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