Tomou-me vossa vista soberana
adonde tinha as armas mais à mão,
por mostrar que quem busca defensão
contra esses belos olhos, que se engana.
Por ficar da vitória mais ufana,
deixou-me armar primeiro da Razão;
cuidei de me salvar, mas foi em vão,
que contra o Céu não val defensa humana.
Mas porém se vos tinha prometido
o vosso alto destino esta vitória,
ser-vos tudo bem pouco está sabido;
que, posto que estivesse apercebido,
não levais de vencer-me grande glória:
maior a levo eu de ser vencido.
Luís Vaz de Camões
sábado, 29 de março de 2008
Tomou-me vossa vista soberana
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