Embebido num sonho doloroso,
Que atravessam fantásticos clarões,
Tropeçando num povo de visões,
Se agita meu pensar tumultuoso...
Com um bramir de mar tempestuoso
Que até aos céus arroja os seus cachões,
Através duma luz de exalações,
Rodeia-me o universo monstruoso...
Um ai sem termo, um trágico gemido,
Ecoa sem cessar ao meu ouvido,
Com horrível, monótono vaivém...
Só no meu coração, que sondo e meço,
Não sei que voz, que eu mesmo desconheço,
Em segredo protesta e afirma o Bem!
Antero de Quental
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
Voz interior
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