O Espectro familiar que anda commigo,
Sem que podesse ainda ver-lhe o rosto,
Que umas vezes encaro com desgosto
E outras muitas ancioso espreito e sigo.
É um espectro mudo, grave, antigo,
Que parece a conversas mal disposto...
Ante esse vulto, ascetico e composto
Mil vezes abro a bocca... e nada digo.
Só uma vez ousei interrogal-o:
Quem és (lhe perguntei com grande abalo)
Phantasma a quem odeio e a quem amo?
Teus irmãos (respondeu) os vãos humanos,
Chamam-me Deus, ha mais de dez mil annos...
Mas eu por mim não sei como me chamo...
Antero de Quental
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
O inconsciente
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