Só por ti, astro ainda e sempre oculto,
Sombra do Amor e sonho da Verdade,
Divago eu pelo mundo e em anciedade
Meu próprio coração em mim sepulto.
De templo em templo, em vão, levo o meu culto,
Levo as flores d'uma íntima piedade.
Vejo os votos da minha mocidade
Receberem somente escárneo e insulto.
À beira do caminho me assentei...
Escutarei passar o agreste vento,
Exclamando: assim passe quando amei! —
Oh minh'alma, que creste na virtude!
O que será velhice e desalento,
Se isto se chama aurora e juventude?
Antero de Quental
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Amaritudo
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