quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Lamento

Um dilúvio de luz cai da montanha:
Eis o dia! eis o Sol! o esposo amado!
Onde há por toda a Terra um só cuidado
Que não dissipe a luz que o Mundo banha?

Flor a custo medrada em erma penha,
Revolto mar ou golfo congelado,
Aonde há ser de Deus tão olvidado
Para quem paz e alívio o Céu não tenha?

Deus é Pai! Pai de toda a criatura:
E a todo o ser o seu amor assiste:
De seus filhos o mal sempre é lembrado...

Ah! se Deus a seus filhos dá ventura
Nesta hora santa... e eu só posso ser triste...
Serei filho, mas filho abandonado!

Antero de Quental

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