A Salomão Sáragga)
Onde te escondes? Eis que em vão clamamos,
Suspirando e erguendo as mãos em vão!
Já a voz enrouquece e o coração
Está cançado — e já desesperamos...
Por céo, por mar e terras procuramos
O Espirito que enche a solidão,
E só a propria voz na immensidão
Fatigada nos volve... e não te achamos!
Céos e terra, clamai, aonde? aonde? —
Mas o Espirito antigo só responde,
Em tom de grande tedio e de pezar:
— Não vos queixeis, ó filhos da anciedade,
Que eu mesmo, desde toda a eternidade,
Tambem me busco a mim... sem me encontrar!
Antero de Quental
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Ignotus
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