Estava a Morte ali, em pé, diante,
Sim, diante de mim, como serpente
Que dormisse na estrada e de repente
Se erguesse sob os pés do caminhante.
Era de ver a fúnebre bachante!
Que torvo olhar! que gesto de demente!
E eu disse-lhe: «Que buscas, impudente,
Loba faminta, pelo Mundo errante?»
- «Não temas, respondeu (e uma ironia
Sinistramente estranha, atroz e calma,
Lhe torceu cruelmente a boca fria).
Eu não busco o teu corpo... Era um trofeu
Glorioso de mais... Busco a tua alma.» -
Respondi-lhe: «A minha alma já morreu!»
Antero de Quental
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
Anima Mea
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Antero de Quental
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