Aquela, que eu adoro, não é feita
De lyrios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas languidas, divinas
Da antiga Venus de cintura estreita...
Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortaes entre ruinas,
Nem a Amazona, que se agarra ás crinas
D'um corcel e combate satisfeita...
A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...
É como uma miragem, que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpavel do Desejo...
Antero de Quental
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Ideal
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