sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Jura

Pelas rugas da fronte que medita...
Pelo olhar que interroga — e não vê nada...
Pela miseria e pela mão gelada
Que apaga a estrela que nossa alma fita...

Pelo estertor da chama que crepita
No ultimo arranco d'uma luz minguada...
Pelo grito feroz da abandonada
Que um momento de amante fez maldita...

Por quanto ha de fatal, que quanto ha mixto
De sombra e de pavor sob uma lousa...
Oh pomba meiga, pomba de esperança!

Eu t'o juro, menina, tenho visto
Cousas terriveis — mas jamais vi cousa
Mais feroz do que um riso de criança!

Antero de Quental

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