Para tristezas, para dor nasceste.
Podia a sorte por-te o berço estreito
N'algum palácio e ao pé de régio leito,
Em vez d'este areal onde cresceste:
Podia abrir-te as flores — com que veste
As ricas e as felizes — n'esse peito:
Fazer-te... o que a Fortuna ha sempre feito...
Terias sempre a sorte que tiveste!
Tinhas de ser assim... Teus olhos fitos,
Que não são d'este mundo e onde eu leio
Uns mistérios tão tristes e infinitos,
Tua voz rara e esse ar vago e esquecido,
Tudo me diz a mim, e assim o creio,
Que para isto só tinhas nascido!
Antero de Quental
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
A uma mulher
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Antero de Quental
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