Despois que quis Amor que eu só passasse
quanto mal já por muitos repartiu,
entregou-me à Fortuna, porque viu
que não tinha mais mal que em mim mostrasse.
Ela, porque do Amor se aventajasse
no tormento que o Céu me permitiu,
o que para ninguém se consentiu,
para mim só mandou que se inventasse.
Eis-me aqui vou, com vário som, gritando
copioso exemplário para a gente
que destes dous tiranos é sujeita,
desvarios em versos concertando.
Triste quem seu descanso tanto estreita
que deste tão pequeno está contente!
Luís Vaz de Camões
quinta-feira, 27 de março de 2008
Despois que quis Amor que eu só passasse
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