Já claro vejo bem, já bem conheço
quanto aumentando vou o meu tormento;
pois sei que fundo em água, escrevo em vento,
e que o cordeiro manso ao lobo peço;
que Aracne [sou], pois já com Palas teço;
que a tigres em meus males me lamento;
que reduzir o mar a um vaso intento,
aspirando a esse Céu que não mereço.
Quero achar paz em um confuso Inferno;
na noite, do Sol puro a claridade;
e o suave Verão no duro Inverno.
Busco em luzente Olimpo escuridade
e o desejado bem no mal eterno,
buscando amor em vossa crueldade.
Luís Vaz de Camões
quinta-feira, 27 de março de 2008
Já claro vejo bem, já bem conheço
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