Debaixo desta pedra sepultada
jaz do mundo a mais nobre fermosura,
a quem a Morte, só de inveja pura,
sem tempo sua vida tem roubada,
sem ter respeito àquela assim estremada
gentileza de luz, que a noite escura
tornava em claro dia, cuja alvura
do Sol a clara luz tinha eclipsada.
Do Sol peitada foste, cruel Morte,
pera o livrar de quem o escurecia;
e da Lüa que, ante ela, luz não tinha.
Como de tal poder tiveste sorte?
E, se a tiveste, como tão asinha
tornaste a luz do mundo em terra fria?
Luís Vaz de Camões
quinta-feira, 27 de março de 2008
Debaixo desta pedra sepultada
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