Tic-tac do relógio compassadamente,
É o tempo de uma vida que se esgota,
O ruído do mundo, passa a gente,
E na boca, amargo sabor de derrota.
Levanto-me sob a luz do céu estrelado,
A Lua ainda embala sonhos tardios,
Regresso tarde, desiludido e cansado,
De ti relembro alguns gestos fugidios.
Choro em silêncio, perdido na multidão,
Múltiplas caras que aumentam a solidão,
Mal tenho tempo de para ti olhar.
Por todas as carícias que eu não te dei,
Um rumo certeiro que ainda não tracei,
Crescente é a certeza de te amar.
2008 Vasco de Sousa
terça-feira, 29 de abril de 2008
Carícias
terça-feira, 22 de abril de 2008
Soneto 33
Olha, Marilia, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?
Vê como ali, beijando-se, os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes;
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores;
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha pára,
Ora nos ares, sussurrando, gira.
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira
Mais tristeza que a noite me causara.
Bocage in «Obra Completa Volume I - Sonetos»
segunda-feira, 21 de abril de 2008
O grito da morte
E grita o poeta desesperado !
Quando sabe que perdeu a sua paixão.
Na mágoa e dor, se viu afogado,
Uma faca cortante no seu coração.
E grita o poeta na sua aflição !
A sua expressão irreconhecível.
Aos poucos pára de bater o coração,
Numa intensa agonia terrível !
E vencido, cai finalmente por terra,
Perdido na solidão que o aterra,
Para que não mais se volte a levantar !
Eu sei que ouviste o grito da morte !
Ó mulher, paixão de minha pouca sorte !
Que me deixaste para sempre a gritar...
1991 Vasco de Sousa
terça-feira, 15 de abril de 2008
O amor verdadeiro
Gostava de ser capaz de te conquistar,
Que me beijasses com amor verdadeiro.
Queria no meu coração te instalar,
Gritar o teu nome ao mundo inteiro !
Como eu queria, de ti ficar perto,
E contigo os meus desejos partilhar,
Sentir o calor do teu corpo esbelto,
Poder abraçar-te sob as ondas do mar.
Eu, sobre ti, quero escrever um livro,
Para descrever tudo o que me lembro,
Da minha mais preciosa recordação...
Para mim, és a coisa mais importante !
Infelizmente, de mim vives distante...
Aos poucos, tu amarguras meu coração.
1991 Vasco de Sousa
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Tinha o trono onde ter uma rainha
Eh, como outrora era outra a que eu não tinha!
Como amei quando amei! Ah, como eu via
Como e com olhos de quem nunca lia
Tinha o trono onde ter uma rainha
Sob os pés seus a vida me espezinha.
Reclinando-te tão bem? A tarde esfria…
Ó mar sem cais nem lado nem maresia,
Que tens comigo, cuja alma é a minha?
Sob uma umbela de chá em baixo estamos
E é subita a lembrança
Da velha quinta e do espalmar dos ramos
Sob os quais a merendar - Oh, amor da glória!
Fecharam-me os olhos para toda a história!
Como sapos saltamos e erramos…
Fernando Pessoa
quinta-feira, 10 de abril de 2008
O perfume dos teus cabelos
Hoje, eu desejei estar perto de ti,
Sentir esse perfume dos teus cabelos,
Agarrar os bons momentos e vivê-los,
Eu não sei porque é que não estás aqui.
Para mim, tu representas quase tudo,
Mudaste completamente a minha vida !
Sei que és a rapariga mais querida,
Que encontrei neste imenso mundo.
Esse teu poder, podia me transformar !
Tudo faria para te poder amar...
Mas não te posso forçar a gostar de mim.
Vivo apenas para te fazer feliz.
Porque não me queres ? O que é que eu fiz ?
Porque me mostras indiferença a mim ?
1991 Vasco de Sousa
Porque me fazes sofrer ?
Dizem que o amor é felicidade !
Já não acredito naquilo que se diz,
Pois sinto-me extremamente infeliz,
Desde que sei que te amo de verdade.
Por ti eu estou muito apaixonado,
E eu sei que tudo seria perfeito,
Se gostasses um pouco deste sujeito,
Excêntrico, louco e enamorado.
Porque é que tanto tu me fazes sofrer ?
Como se me abandonasses a morrer...
Este amor para mim é a solidão !
E deixaste-me no meio do caminho,
Sem quaisquer despedidas, ou um carinho,
Fazes-me sofrer, sem teres qualquer razão.
1991 Vasco de Sousa
Alma minha gentil que te partiste
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algu~a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís Vaz de Camões
Recordações...
Naquelas noites longas e muito frias,
Quero que estejas comigo em casa,
Passando o Inverno junto da brasa,
Naquelas noites de Dezembro festivas.
Por entre todas aquelas almofadas,
Junto à lareira acesa, deitados,
Sobre aquele chão fofo, abraçados,
Relembrando histórias passadas.
Na TV vemos um filme romântico,
A enorme sala, estilo prático...
Fraca, agradável luz dos projectores.
Ao beijarmo-nos apaixonadamente,
Doze badaladas soaram na mente...
Viva o lindo sonho dos escritores.
1991 Vasco de Sousa
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Nunca te esquecerei
Quanto mais tempo permaneço sem te ver,
Maiores são as saudades que eu tenho,
Mais difícil é aquilo que desenho...
Como tentei ! Não te consigo esquecer !
Durante a noite eu sonho contigo,
De manhã a tua imagem relembro,
Numa destas manhãs frias de Novembro,
Em que não serei mais do que teu amigo.
Gostava que tu me conhecesses melhor,
Que a minha esperança fosse maior,
Deixa-me mostrar-te aquilo que eu sou !
Como tu, não existirá nenhuma mais,
Não ligo a este bando de anormais,
Que dizem: Este coitado já se passou...
1991 Vasco de Sousa
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Tristes lágrimas cristalinas
Detesto-me por não ter tido coragem,
De ao pé de ti chegar e dizer,
Que te amo, minha ideal imagem,
És a minha única razão de viver !
Porque é que nunca olhaste para mim ?
Parece-me que tentas fingir não me ver...
Sinto-me demasiado perto do fim,
Cada vez que penso que te vou perder.
Porque tão terrivelmente mal me sinto ?
Hoje diz-me baixinho o meu instinto,
Que ficarei toda a noite a chorar...
E as lágrimas rolam-me pela cara,
Quando penso na tua beleza rara,
Que estupidamente deixei escapar...
1991 Vasco de Sousa
Dor
Dor... grande, imensa e horrorosa dor !
Cuja intensidade vai aumentando,
Naquela progressiva onda de terror,
Que cá por dentro me vai dilacerando.
Porque me feriste tão profundamente ?
Porquê ? Deixaste-me aqui quas`a morrer...
Num último suspiro inconsciente,
Com o tempo esta dor irá desvanecer.
Porque é que sinto o sangue gelado ?
Porque tenho eu o coração cortado ?
Apenas porque te afastaste de mim...
Não podias deixar-me assim doente !
Tu abandonaste-me eternamente.
Passada a dor... Tudo chegará ao fim !
1991 Vasco de Sousa
Verdes ondas do mar
Lá fora chove com intensidade,
E as ondas revoltam-se brilhantes...
Naquela casa, longe da cidade,
Tudo não voltará a ser como dantes.
Junto à janela, observamos o mar...
A lareira crepita, ao som da chuva...
O teu sorriso, o brilho do teu olhar,
Todo esse fulgor que te mantém viva.
O som das belas vagas esverdeadas,
O brilho das tuas meias prateadas,
Como eu gosto, de ti perto estar.
Nas árvores, o sinistro som do vento,
No meu coração, um sinal de alento,
Por longas horas, ali vamos ficar...
1991 Vasco de Sousa
Nevoeiro frio
Estou perdido e sinto-me confuso,
Já não tenho mais vontade de escrever,
Vejo tudo muito cinzento, difuso...
Apenas me apetece introverter !
Sei que te afastaste completamente,
Pressinto que nunca mais nos vamos ver...
Eu gostava de saber, precisamente,
Porque me apaixonei por certa mulher.
Tu desapareceste da minha vida,
Mas no meu coração tu estás ainda,
E de lá não te consigo desalojar !
Se pudesses desculpar esta criança,
Fornecer-lhe um pouco de esperança,
Talvez eu fosse capaz de me animar.
1991 Vasco de Sousa
Quero estar ao pé de ti
Quero poder envolver-te nos meus braços,
Sussurrar-te segredinhos ao ouvido,
Vibrar de emoção ao som dos teus passos,
Ouvir a tua voz chamar-me: Querido !
Quero levar-te ao colo para casa,
à noite, ver as estrelas a teu lado,
Sentir o calor do teu corpo em brasa,
Ouvir a tua voz quando estou deitado.
Quero afagar teus cabelos dourados,
Tão atraentes, brilhantes e compridos,
Pois és a rapariga com quem eu sonhei !
Ouvir a tua voz suave e meiga,
Por ti derreter-me como manteiga,
Desde sempre, foste tu quem eu desejei !
1991 Vasco de Sousa
O Jantar inesquecível
Hoje sonhei contigo, e imaginei...
Que nos juntámos num romântico jantar,
à luz das velas, sob o brilhante luar,
Naquele jardim que mentalmente plantei.
Tu lá estavas, bonita, deslumbrante...
O sonho tornara-se realidade,
Descobri a palavra felicidade,
Nesse teu olhar curioso e brilhante.
As palavras perderam significado,
Quando descobri com bastante agrado,
Nos teus olhos, o que tu sentias por mim.
Quis nunca mais acordar daquele sonho,
Deixar para sempre o mundo tristonho,
E ficar contigo mesmo até ao fim !
1991 Vasco de Sousa
Porque não lutei por ti ?
Como é possível abandonarmos alguém,
A quem amamos profundamente ?
Como é possível esquecermos alguém,
Que ficou bem gravada na nossa mente ?
Como será possível deixarmos alguém,
Que nos dá toda esta força de viver ?
Como é possível afastarmos alguém,
Que queremos forçosamente proteger ?
São múltiplas as perguntas que me surgem,
As respostas são uma cinzenta nuvem,
Que eu muito gostaria de perceber.
Porque me sinto culpado da minha dor ?
Porque é que não lutei pelo teu amor ?
Sei que me afasto, sem me aperceber...
1991 Vasco de Sousa
Viagem de paixão
Eu quero estar para sempre contigo,
E para longe viajar a teu lado.
Saber que irás jantar comigo,
Num óptimo restaurante sossegado.
Iremos juntos, viajar para fora,
Conhecer novos países e pessoas,
Perdermos o tempo, esquecer a hora,
Apreciando todas as coisas boas.
Vem daí e aceita o meu convite,
Tu apagarás esta expressão triste,
De quem muito ama e não é amado !
Vem comigo à noite ver as estrelas,
E o nascer do Sol, atrás das janelas,
Nascemos para ficar lado a lado...
1991 Vasco de Sousa
Vem...
Deixaste-me só, aqui abandonado,
No enorme deserto que é a vida !
Tal qual como um mendigo desgraçado,
Sem qualquer abrigo, água ou comida.
Sozinho nunca poderei sobreviver,
Pois falta-me algo muito importante.
Falta-me o amor duma certa mulher,
Único possível revitalizante.
De ti, só desistirei quando morrer,
Ao ter-te a ti, nada mais posso querer,
Pois sei que és o sonho de qualquer homem...
No meu canto, continuo a esperar...
Talvez um dia tu vás para mim voltar,
E sabes que serás bem recebida... Vem...
1991 Vasco de Sousa
Leva-me para junto do teu coração
Onde estás, quando preciso de ti ?
Por favor, vem salvar-me desta maldição...
Porque raio é que não vens aqui ?
Leva-me para junto do teu coração...
Se tu já me conheces minimamente,
Sabes perfeitamente o que eu quero,
Quero que tu me seduzas subtilmente,
Que me envolvas tal como eu espero.
Estou sem rumo, e no mundo perdido,
Tal como se eu tivesse sido ferido,
No ponto mais íntimo da minha alma !
Quero que me dês desesperadamente,
Uma razão mais do que suficiente,
Para atingir finalmente a calma...
1991 Vasco de Sousa
Provocação sexual
Sabes, quando te sentas na minha frente,
Usando essa provocadora saia,
As tuas pernas cruzadas docilmente,
Esse ar fatal de como quem desmaia...
Junto a ti está o negro cabedal,
Mostrando essas pernas belas e perfeitas,
Sabes que essas meias são da cor ideal,
Sabes que ao meu olhar estão sujeitas.
Desejas provocar-me este instinto,
Sinto-me como um animal faminto,
Com o desejo de te devorar !
Esse teu olhar não me engana nada,
Percebo que queres ser saciada,
Por favor, pára de me provocar !
1991 Vasco de Sousa
Tempestade no coração
Aos poucos, as folhas caem lentamente,
Douradas, imobilizadas pelo chão.
A tua imagem ainda presente...
Lembrando-me a imensa solidão.
O mau tempo rápido se aproxima,
Sobre mim se abate a tempestade,
Na alma, o fogo intenso que queima,
Os últimos traços de felicidade.
A chuva arrasta a tua imagem,
Tornando-te aos poucos numa miragem,
Enterrando-me cada vez mais na lama.
Desesperado já não sei o que fazer,
Quando um relâmpago me vem acolher !
Ao longe... A tua voz que me chama...
1991 Vasco de Sousa
Breve sonho feliz
Hoje, o meu sonho é estar contigo,
Nas altas montanhas de neve cobertas,
Tendo uma cabana como abrigo,
Uma lareira aquecendo as mantas.
Sentados confortavelmente no colchão,
Por entre almofadas e peles belas,
Tendo as chamas como iluminação,
Pelo vidro, admiramos as estrelas.
Abraço-te fortemente nos meus braços,
Teu olhar atento, seguindo meus passos,
O teu corpo quente, aconchegando-se...
Tu está feliz, dás-me o teu amor,
O meu coração por ti bate com vigor !
Por fim, o sonho breve, apagando-se...
1991 Vasco de Sousa
domingo, 6 de abril de 2008
Como posso chegar a ti ?
E tudo acabou, sem sequer começar...
Eu sinto que estás tão distante de mim.
Ainda não sei bem como continuar,
Mas não deveríamos acabar assim.
Olho vidrado para o infinito,
Esperando que surjas no horizonte.
Sei perfeitamente que estou frito,
Nunca me deixarás passar a ponte.
Cada vez me sinto mais afastado,
Cada vez me sinto mais agoniado !
O que fazer, para chegar a ti ?
Porque me sinto tão impotente ?
Porque continuo em estado latente ?
Apenas te peço, para chegar aqui.
1991 Vasco de Sousa
Desespero derradeiro
Peço-te, imploro-te, suplico-te:
Ouve o que eu tenho para te dizer !
Para ti, rastejo desalmadamente.
Quero que me olhes e que me possas ver !
Poderei embaraçar-me, humilhar-me,
Para mim não tem qualquer significado.
Na tua presença eu ajoelho-me,
Posso até ser inferiorizado.
Para mim, tu estarás sempre primeiro,
Sabes que tu és o ar que eu respiro,
Para mim, és uma substância vital !
Pensa um pouco nestas minha palavras,
Verás que todas elas são verdadeiras,
Não me deixes nesta agonia mortal...
1991 Vasco de Sousa
Poeta louco apaixonado
Eu gosto de ti, mais do que outro qualquer.
E acredita nisto, que é verdade !
Nós poetas, mesmo sem nos aperceber,
Amamos com muito mais intensidade !
Se eu te digo que tu és a minha paixão,
Amar-te-ei sempre enquanto viver.
Quando te ofereço o meu coração,
Dar-te-ei se puder, tudo o que tiver !
No entanto, se tudo oferecemos,
Deverás saber que não esquecemos,
De alguma coisa exigir em troca !
Apenas quero o teu sincero amor,
Unívoco, sem limites, animador.
Ajuda-me a encher esta alma oca...
1991 Vasco de Sousa
Agradável loucura sensata
Quando o álcool sobe até à mente,
O som atinge o volume máximo.
Eu sinto então que, repentinamente,
Algo se solta ! Não sou o mesmo !
Sinto aquela intensa fúria louca,
Que pouco a pouco atinge o auge !
Quando olho par ti, minha boneca,
Não sei... poderia acontecer hoje.
Sabes que não te desejo nada de mal.
Magoar-te seria pecado mortal !
Tenho algum medo de não me controlar.
Vem ter comigo e dá-me a tua mão !
Mostra-me o lindo caminho da razão !
Por favor... Não me podes abandonar !?
1991 Vasco de Sousa
A união do corpo e do espírito
Sempre gostei do que era mais perfeito.
E sempre preferi o que era melhor.
Facilmente detecto qualquer defeito,
E para ser esquisito, sou do pior !
Talvez por ter sido sempre exigente,
Me decepciono com facilidade,
Mas agora eu sei que tu realmente,
És quem me pode dar a felicidade.
Entre todas elas, és tu a mais bela,
És sem dúvida única, és aquela,
Cuja beleza interior é demais !
Antes do corpo, está o teu espírito !
O semelhante conheço e respeito...
Somos tão diferentes... Somos tão iguais...
1991 Vasco de Sousa
Fogueira interior
Ali sentado, observando as chamas,
A alma com elas ardendo juntamente,
Vivendo intenso vazio, reclamas,
Sentes a tua dor infinitamente.
Olhos perdidos em múltiplas lágrimas,
Tristes pensamentos tão longe perdidos...
Numa incessante procura de rimas,
Que te transmitam sentimentos feridos.
És, foste e serás o meu grande amor !
Mesmo que me deixes nesta imensa dor,
Que me desfaz completamente por dentro.
Como tu, é impossível de encontrar !
E de outra, é impossível eu gostar !
Saí para a rua... Nunca mais entro...
1991 Vasco de Sousa
Meu sonho, meu pesadelo
Quando penso em ti e não está aqui,
Sempre que estou alguns dias sem te ver...
Choro triste sem disso me aperceber,
E louco, grito desesperado por ti.
Nervoso, abraçado ao travesseiro,
Limpo a custo as lágrimas húmidas,
Lá dentro na alma, saram as feridas,
Já não conseguindo me erguer inteiro.
Ao cair da noite estou arrasado,
Sonho com o teu nome sobressaltado,
E vivo pesadelos ao adormecer.
Acordo triste, com frio e com medo,
Procuro-te em vão ao lado esquerdo,
Sabes que, sem ti não consigo mais viver.
1991 Vasco de Sousa
Espera eterna
Sabes, quanto mais tempo estou sem te ver,
Mais forte se torna esta minha paixão.
Porque é que tu me fazes tanto sofrer ?
Obrigas-me a viver na escuridão...
Esta coisa estranha que por ti sinto,
Diferente de todas as que conheço,
Ó curiosa sensação que, pressinto,
Seres tudo o que desconheço.
Por ti, esperarei eternamente,
E sei que só poderei ficar contente,
Quando tu escutares o meu coração.
Fica pois sabendo que por ti espero,
Tu és a única riqueza que quero,
Alimentas uma violenta paixão !
1991 Vasco de Sousa
Cavaleiro andante
Nobre e vitorioso cavaleiro,
Flutuas numa armadura dourada.
Através das nuvens chegarás primeiro,
Às mortais celas da serpente alada.
Nos céus, os seus gritos ouvem-se ao longe,
Prisioneira, grita da sua janela !
Lá morreram três donzelas e um monge,
E a última não deverá ser ela !
Ele, um guerreiro de todas as eras,
Empunha a espada perante as feras,
Nos seus olhos o terrível ódio mortal !
Finalmente, como era seu desejo,
Depois de salva, dá-lhe um beijo.
Seguem ambos pelo caminho divinal.
1991 Vasco de Sousa
Grito desesperado
Podendo ter todas as que não desejo,
Só desejo aquela que não posso ter !
A frustração de lhe querer dar um beijo,
E infelizmente não o poder fazer.
Desejo, directamente proporcional,
à indiferença que tu mostras por mim.
Revolta-me este sentimento mortal !
A história não pode acabar assim !
Apesar de me sentir como vítima,
A culpa é minha, ainda por cima,
E de ninguém eu a procuro esconder.
Peço-te então que me venhas ajudar,
Peço-te então que tentes de mim gostar !
Digo-te que não te irás arrepender...
1991 Vasco de Sousa
Insegurança
Quem sou eu ? De onde vim ? Para onde vou ?
Porque é que te afastas assim de mim ?
Porque me sinto mal, tal como estou ?
Como ? Como é que hei-de viver assim ?
Porquê tu ? Onde estás ? Como nasceste ?
Porque me sinto agora tão inseguro ?
Perdi-me eu, desde que tu apareceste ?
Sim, como um fruto demasiado maduro...
Porque estou aqui ? Para quê viver ?
Não me deixes ! Não quero morrer !
Será que estarei a ficar louco ?
Deverei eu, sentir-me assim tão mal ?
Tira-me já deste mundo infernal !
Quero ser feliz ? Pelo menos um pouco...
1991 Vasco de Sousa
Sensações
Bela frescura da brisa do mar,
Café, intenso e forte cheiro,
Os restos do teu perfume no ar,
Nos teus olhos um fogo certeiro.
A fruta, madura e cheirosa,
Deitado na relva ao sol quente,
Uma sobremesa deliciosa,
Banho de imersão confortante.
Ensinaste-me o que é a paixão,
Deste-me uma nova sensação,
E momentos de enorme prazer !
Deste-me coisas inesquecíveis,
Suaves, discretas, agradáveis,
Uma boa razão para viver !
1991 Vasco de Sousa
Memórias matinais
Sabes, quando te vejo de manhã,
Assim fresca, bela e bonita,
Julgo-me até pertencer ao clã,
De bons modos e roupa catita.
Sinto-me um milionário,
Mas tu, és a única riqueza,
Um teorema, corolário !
Tu, que possuis tamanha beleza.
Eu, antes de ti ninguém amara,
És graciosa, simples e rara,
És tu que me podes fazer feliz !
Tu és aquela por quem deliro,
És a única que eu admiro,
Não gostas de mim ? O qué que eu fiz ?
1991 Vasco de Sousa
Vertigem apaixonada
Fixa-me e olha-me no rosto.
Deixa-me amar a tua expressão.
Sabes que és de quem mais gosto.
Por ti sinto verdadeira paixão !
Quando tu estás aqui por perto,
Sinto o cheiro dos teus cabelos,
Deixas-me tonto, fico envolto,
Nesses teus caracóis muito belos.
Posso ser um rapaz indeciso,
Mas deliro com o teu sorriso,
Fazendo-me vibrar de emoção !
Derreto perante o teu olhar,
Para sempre saberei te amar,
Desejo demais o teu coração !
1991 Vasco de Sousa
Onde estás tu ?
Quero beijar-te e não te vejo.
Quer`abraçar-te e não te sinto,
Porque provocas este desejo ?
Porque me deixas tão inquieto ?
Agarro-te e não te encontro.
Escuto-te e não ouço nada.
Porque me feres por dentro ?
Porque me deixas só, na estrada ?
Grito-te e tu não me escutas,
Imploro-te e tu não me ligas...
Rastejo, e logo sou pisado !
Porque é que não me escutas ?
Porque só me devolves urtigas ?
Porque me deixas tão arrasado ?
1991 Vasco de Sousa
Revolta interior
Naquele breve instante de fúria,
Revoltei-me para todo o sempre !
Deitei o meu diário na pia,
E senti o diabo no ventre !
Amaldiçoei tudo e todos,
Desejei ver-te desaparecer.
Sentindo-me num mundo de tolos,
Por pouco desejaria morrer !
Quase odeio de tanto gostar,
Salva-me antes de me atirar,
Pois começo a estar perdido.
Eu já não sei o que sentir,
Agarra-me antes de eu partir,
Traz-me à minha vida sentido !
1991 Vasco de Sousa
Não choro mais por ti
Hoje eu sei que por ti não choro mais,
Apesar de não te conseguir esquecer...
Lembro-me do teu rosto ao entardecer,
E o fardo torna-se para mim, demais.
Tu tiraste-me a vontade de viver,
E deixaste-me perdido na multidão.
Como me dói esta terrível solidão...
Estou só na rua, e está a chover !
Ama-me com a mesma intensidade !
Imploro-te alguma felicidade !
Acho que também mereço ser feliz...
Deixa-me pois alegrar a tua vida !
Quero poder chamar-te: Minha querida !
Não choro mais... mas continuo infeliz...
1991 Vasco de Sousa
terça-feira, 1 de abril de 2008
Douradas folhas de Outono
O dia nascendo lentamente,
O brilho do Sol espreita nas árvores,
Ali no jardim, vejo claramente,
O orvalho húmido na flores.
O frio da manhã está presente,
Aguçando logo todos os sentidos,
E fica claro na minha mente,
O que se passa nos seus recantos.
Vejo então as folhas caindo,
Lembrando-me a estação fria.
Não consigo deixar de pensar em ti !
Recordo o teu rosto lindo,
Vivendo essa tua alegria,
Sinto-me feliz por estar aqui !
1991 Vasco de Sousa
Os direitos da imagem pertencem ao seu autor.
A imagem original encontra-se aqui.
Tempestade cerebral
O ruído do trovão fez-se ouvir !
O som ensurdece, a luz cega !
O heavy metal podes sentir,
Peço-te que ouças minha amiga !
Pois não se pode gostar de alguém,
Que não ouça a mesma música.
Alguém que, enfim, procure também,
Ter a coragem, ter genica.
Ao menos faz uma tentativa,
Tenta gostar daquilo que gosto,
Tenta compreender-me um pouco.
Eu vou ficar na expectativa,
Ao ler a resposta no teu rosto !
Sou excepcional, ou sou louco ?
1991 Vasco de Sousa
Viagem fantástica
Vem daí e viaja comigo,
Num mundo fantástico irreal.
Confia neste rapaz amigo,
Que não te deseja nada de mal.
Deixa que o sonho se transforme,
Em algo bonito e natural.
Faz com que este sonho disforme,
Seja maravilhoso e real.
Deixa-me levar-te para longe,
E vive a minha fantasia,
Respirando a felicidade...
Deixa-me levar-te até ao auge,
Num dipólo prazer-audácia.
Quero dar-te a tua liberdade !
1991 Vasco de Sousa
Agradáveis memórias
Quando me sinto cansado,
E mesmo quase a desanimar,
Ao fim do dia estou cansado,
E sem vontade de continuar...
Tento pois recordar-me de coisas,
Belas e agradáveis para mim.
Sabes que tu és de todas elas,
A que mais significa para mim.
Sinto-me mesmo bem humorado,
Sinto-me alegre e contente,
Recordando-me da tua genica.
Electrões em `stado excitado,
Energia no estado latente,
Passando a energia cinética.
1991 Vasco de Sousa
Liberdade incondicional
Através daquele ar cerrado,
O som corre violentamente,
O seu volume ensurdecendo,
Quem se encontra ali presente.
Aquele ruído metálico,
Deixa-me sempre enfeitiçado,
Aquele ruído metálico,
Transforma-me num desatinado.
Deixo-me envolver nos decibéis,
Salto e corro como um louco,
E eu transformo-me mesmo ali.
Eu posso inverter os meus papéis,
Ou usar a máscara do pau oco,
Mas não posso deixar de pensar em ti.
1991 Vasco de Sousa
A escolhida
Quando o frio surge lá fora,
E me arrepia cá por dentro,
Quero bastante ir-me embora,
Para onde ? Já nem me lembro...
Quero que estejas ao pé de mim,
Poder abraçar-te de verdade,
E sentir que, enquanto for assim,
O meu sonho é a realidade !
És tu aquela de quem eu gosto,
Foste tu a minha escolhida,
De quem gostarei eternamente !
Sempre que me lembro do teu rosto,
Sei que serás sempre a mais bonita.
Que `stá guardada na minha mente !
1991 Vasco de Sousa