Constato que existo surrealista,
Nos escombros dilacerados do meu ser.
Do filme atroz onde sou a protagonista,
Colho os louros pelas escolhas de sofrer.
Grandiosos aplausos de desespero,
Recebo enlutada, quando subo ao palco,
Agradeço com gestos majestosos e reitero,
As feridas do meu peito em socalcos.
Já nem me incomodo como a dormência,
Envolve os minutos de cada hora…
Que esta amálgama de dor infinda,
Mais parece um acto de demência!
Restolhos de lágrimas minha alma devora.
Toda a dor é minha! Ganhei-a! Nunca finda!
Olinda Ribeiro
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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
O protagonismo é meu
Trevas
Descem sobre mim as trevas,
Envolvem-me num manto sombrio,
Escuridão, cegueira, desvario,
Loucura, para onde me levas.
Pobreza de mágoa é esta agora,
Reflectida na minha sombra,
Sufoco gemidos nas alfombras,
Da morte não vejo chegada a hora.
Incompreensível, intolerável, severa,
É a raiva de te perder sem sentido.
Essa tua teimosia cruel, dilacera,
Destrói-me, corrompe, desvanece.
Do outrora jardim florido,
Resta uma sombra que se esvaece.
Olinda Ribeiro
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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Feliz Natal
Era uma vez um sonho,
De uma história de encantar,
Que tinha um pavor medonho,
De não se poder realizar.
Certo dia uma criança,
Olhou para ele e sorriu,
O sonho cheio de esperança,
Fechou os olhos e dormiu.
Ficou muito agradecido,
Por se ter realizado,
E desde então para cá,
O sonho sonha acordado.
E tão feliz ficou,
Com o resultado final,
Que até se transformou,
Num doce de Natal!
Olinda Ribeiro
domingo, 19 de dezembro de 2010
Confidência
Confidenciei à solidão,
O derradeiro delírio da minha alma,
Delicadeza pueril que salma,
O som do bater do coração.
Executado em dó menor,
Recital de angústia magistral,
Pautada por dor abismal,
Tendo por maestro o Amor.
Sorrio como quem desmente,
O drama agreste que me fere,
Fingindo ter quem me espere,
Quem a minha falta sente!
Oh dolorosa e triste memória.
Amor ausente. Vã glória.
Olinda Ribeiro
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sábado, 11 de dezembro de 2010
Amor desprezado
Vejo nos teus olhos entristecidos,
melancolia e desprendimento,
o franzir da testa, o sofrimento,
revelam desgostos contidos.
Leio no teu rosto agonizado,
a dor forte suspensa,
dilacerada, acutilante, intensa,
fruto do amor desprezado.
Conheço bem esse desgaste
(ainda sinto o grito alucinante)
Que despedaça o coração.
Já é silêncio que baste,
Perderes a tua constante,
Não percas também a razão!
Olinda Ribeiro
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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Quem dera poder amar
Quem dera poder amar-te
Assim como quem bebe água
Sonegar ligeira esta mágoa
Da dor sofrida com arte.
Quem dera mais muito mais ainda
Ofuscar o sol com o teu rosto
E gritar que gosto apenas porque gosto
Porque me agrada esta dor infinda.
Parece doentio bem o sei,
Mas que fazer se é assim que sinto.
Mentir a ti, que a mim não minto.
Nem me arrependo do que te dei.
Bebi do cálice da dor cheia de graça,
Bebi com amor e jeito de garça.
Olinda Ribeiro
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Fé
De repente em meu seio caiu neve,
gelou-me a nudez do meu pranto.
Sortes negras mudas de espanto,
desse gesto longo e tão breve.
Desnecessária seria essa frieza.
Já que o meu sangue quente
dói que baste, gesto ausente.
Lúcida e incómoda é a tristeza.
E se não fosse por Deus,
Juro que teria desmaiado…
Nesse doce abraço da morte.
Que a fé que tenho é por sorte,
O braço que me tem amparado,
E me liberta dos pesadelos maus.
Olinda Ribeiro
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Escuridão
Há dias em que caminho na escuridão,
Em que o terror se apodera de mim.
Há dias em que preciso da tua mão,
Para me encontrar, nesta rota sem fim.
Um medo crescente, fonte de tormentos,
Que me invade e, aos poucos, já domina,
Que me paralisa todos os movimentos,
Nem tremor que clama por ajuda divina.
A pouco e pouco, vou perdendo as forças,
Quase desejo parar de respirar !
Encontrar a paz… Dá-me esse motivo !
Procuro uma luz que me dê esperanças,
Procuro a razão para poder gritar
ao mundo que estou aqui ! Estou vivo !
2010 Vasco de Sousa
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Como te posso culpar, se é a mim que não perdoo ?
Como poderia alguma vez saber,
Que um novo dia tudo irá mudar ?
Deste meu caminho me iria perder,
Por um sonho que a visão me irá toldar.
Tenho medo. Vivo em constante pavor !
Sufoco no grande inferno da vida,
Intoxicado pelo meu próprio terror,
Perseguindo uma ilusão perdida.
De repente, sinto um frio de morrer !
Um sonho dourado procurei atingir,
Perdoa. Porque não me posso perdoar ?
Como será que eu me poderei perder,
Se afinal não tenho para onde ir ?
Se a mim não perdoo, como te culpar ?
2010 Vasco de Sousa
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Uma pedra no fundo do mar
Hoje, sou uma pedra no fundo do mar.
Nada ouço, nada sinto e nada vejo.
Esqueço essa dor profunda de amar,
Porque diminuí-la é o meu desejo !
Todos os sons me chegam com mais clareza,
As ondas embalam os meus pensamentos.
O tempo passa… Já nem tenho certeza…
Lá ao longe vão ficando os meus tormentos.
Porque amar será sempre também sofre,
Uma dor que é intensa e tão profunda,
Que me domina, imóvel e moribunda.
Os peixes passam, olham com indiferença,
No meu interior procuro a mudança.
Será o amor uma forma de morrer ?
2010 Vasco de Sousa
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terça-feira, 28 de setembro de 2010
Wherever I may roam
Dentro de mim, procuro o meu caminho,
Sem qualquer receio, faço-me à estrada,
Sei quem sou, para onde vou, de onde venho,
Não me desviarei desta rota traçada.
Podem chamar-me aquilo que quiserem,
Talvez nómada, ou até vagabundo,
Todos eles, o meu orgulho não ferem,
Pois o meu destino será o meu mundo.
Sou dono de mim, e daquilo que faço,
Não me revejo na maldade, na inveja,
Onde quer que vá ou onde quer que esteja.
Esta estrada é também o meu berço,
A minha casa, minha vida, meu caixão,
É o trilho de uma vida de paixão.
2010 Vasco de Sousa
Nota: Soneto inspirado numa música do grupo Metallica, com o mesmo nome.
domingo, 26 de setembro de 2010
O meu amanhecer
Sento e atiro o cansaço ao chão,
Esfregando os pés na relva com prazer,
Deito-me, rebolo até à exaustão,
Olho para o céu… O meu amanhecer !
O Sol ofusca-me qualquer pensamento,
Deixo-me ficar meio anestesiado,
Aqui não há mágoa nem qualquer tormento,
Não há razão para ficar preocupado.
A brisa passa por mim muito devagar,
O Sol reconforta-me com o seu calor,
O Cheiro desta Terra faz-me suspirar…
O mundo não parou ! Continua a girar !
A vida poderá ter um outro sabor !
Adormeço com os pássaros a palrar.
2010 Vasco de Sousa
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segunda-feira, 23 de agosto de 2010
A dor
Torva Babel das lágrimas, dos gritos,
Dos soluços, dos ais, dos longos brados,
A Dor galgou os mundos ignorados,
Os mais remotos, vagos infinitos.
Lembrando as religiões, lembrando os ritos,
Avassalara os povos condenados,
Pela treva, no horror, desesperados,
Na convulsão de Tântalos aflitos.
Por buzinas e trompas assoprando
As gerações vão todas proclamando
A grande Dor aos frígidos espaços...
E assim parecem, pelos tempos mudos,
Raças de Prometeus titânios, rudos,
Brutos e colossais, torcendo os braços!
Cruz e Souza
Música da morte
A musica da Morte, a nebulosa,
Estranha, imensa musica sombria,
Passa a tremer pela minh'alma e fria
Gela, fica a tremer, maravilhosa...
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
Letes sinistro e torvo da agonia,
Recresce a lancinante sinfonia,
Sobe, numa volúpia dolorosa...
Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
Tremenda, absurda, imponderada e larga,
De pavores e trevas alucina...
E alucinando e em trevas delirando,
Como um Ópio letal, vertiginando,
Os meus nervos, letárgica, fascina...
Cruz e Souza
Luz dolorosa
Fulgem da Luz os Viáticos serenos,
Brancas Extrema-Unções dos hostiários:
As Estrelas dos límpidos Sacrários
A nívea Lua sobre a paz dos fenos.
Há prelúdios e cânticos e trenos
Tristes, nos ares ermos, solitários...
E nos brilhos da Luz, vagos e vários,
Há dor, há luto, há convulsões, venenos...
Estranhas sensações maravilhosas
Percorrem pelos cálices das rosas,
Sensações sepulcrais de larvas frias...
Como que ocultas áspides flexíveis
Mordem da Luz os germens invisíveis
Com o tóxico das cóleras sombrias...
Cruz e Souza
Música misteriosa
Tenda de Estrelas níveas, refulgentes,
Que abris a doce luz de alampadários,
As harmonias dos Estradivarius
Erram da Lua nos clarões dormentes...
Pelos raios fluídicos, diluentes
Dos Astros, pelos trêmulos velários,
Cantam Sonhos de místicos templários,
De ermitões e de ascetas reverentes...
Cânticos vagos, infinitos, aéreos
Fluir parecem dos Azuis etéreos,
Dentre os nevoeiros do luar fluindo...
E vai, de Estrela a Estrela, a luz da Lua,
Na láctea claridade que flutua,
A surdina das lágrimas subindo...
Cruz e Souza
Sinfonias do ocaso
Musselinosas como brumas diurnas
Descem do acaso as sombras harmoniosas,
Sombras veladas e musselinosas
Para as profundas solidões noturnas.
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
Os céus resplendem de sidéreas rosas,
Da lua e das Estrelas majestosas
Iluminando a escuridão das furnas.
Ah! por estes sinfônicos ocasos
A terra exala aromas de áureos vasos,
Incensos de turíbulos divinos.
Os plenilúnios mórbidos vaporam...
E como que no Azul plangem e choram
Cítaras, harpas, bandolins, violinos...
Cruz e Souza
Flor do mar
És da origem do mar, vens do secreto,
Do estranho mar espumaroso e frio
Que põe rede de sonhos ao navio,
E o deixa balouçar, na vaga, inquieto.
Possuis do mar o deslumbrante afeto,
As dormências nervosas e o sombrio
E torvo aspecto aterrador, bravio
Das ondas no atro e proceloso aspecto.
Num fundo ideal de púrpuras e rosas
Surges das águas mucilaginosas
Como a lua entre a névoa dos espaços...
Trazes na carne o eflorescer das vinhas,
Auroras, virgens musicas marinhas,
Acres aromas de algas e sargaços...
Cruz e Souza
Beleza morta
De leve, louro e enlanguescido helianto
Tens a flórea dolência contristada...
Há no teu riso amargo um certo encanto
De antiga formosura destronada.
No corpo, de um letárgico quebranto,
Corpo de essência fina, delicada,
Sente-se ainda o harmonioso canto
Da carne virginal, clara e rosada.
Sente-se o canto errante, as harmonias
Quase apagadas, vagas, fugidias
E uns restos de clarão de Estrela acesa...
Como que ainda os derradeiros haustos
De opulências, de pompas e de faustos,
As relíquias saudosas da beleza.
Cruz e Souza
Corpo
VII
Pompas e pompas, pompas soberanas
Majestade serene da escultura
A chama da suprema formosura,
A opulência das púrpuras romanas.
As formas imortais, claras e ufanas,
Da graça grega, da beleza pura,
Resplendem na arcangélica brancura
Desse teu corpo de emoções profanas.
Cantam as infinitas nostalgias,
Os mistérios do Amor, melancolias,
Todo o perfume de eras apagadas...
E as águias da paixão, brancas, radiantes,
Voam, revoam, de asas palpitantes,
No esplendor do teu corpo arrebatadas!
Cruz e Souza
Pés
VI
Lívidos, frios, de sinistro aspecto,
Como os pés de Jesus, rotos em chaga,
Inteiriçados, dentre a auréola vaga
Do mistério sagrado de um afeto.
Pés que o fluido magnético, secreto
Da morte maculou de estranha e maga
Sensação esquisita que propaga
Um frio n'alma, doloroso e inquieto...
Pés que bocas febris e apaixonadas
Purificaram, quentes, inflamadas,
Com o beijo dos adeuses soluçantes.
Pés que já no caixão, enrijecidos,
Aterradoramente indefinidos
Geram fascinações dilacerantes!
Cruz e Souza
Mãos
V
Ó Mãos ebúrneas, Mãos de claros veios,
Esquisitas tulipas delicadas,
Lânguidas Mãos sutis e abandonadas,
Finas e brancas, no esplendor dos seios.
Mãos etéricas, diáfanas, de enleios,
De eflúvios e de graças perfumadas,
Relíquias imortais de eras sagradas
De amigos templos de relíquias cheios.
Mãos onde vagam todos os segredos,
Onde dos ciúmes tenebrosos, tredos,
Circula o sangue apaixonado e forte.
Mãos que eu amei, no féretro medonho
Frias, já murchas, na fluidez do Sonho,
Nos mistérios simbólicos da Morte!
Cruz e Souza
Seios
IV
Magnólias tropicais, frutos cheirosos
Das árvores do Mal fascinadoras,
Das negras mancenilhas tentadoras,
Dos vagos narcotismos venenosos.
Oásis brancos e miraculosos
Das frementes volúpias pecadoras
Nas paragens fatais, aterradoras
Do Tédio, nos desertos tenebrosos...
Seios de aroma embriagador e langue,
Da aurora de ouro do esplendor do sangue,
A alma de sensações tantalizando.
Ó seios virginais, tálamos vivos
Onde do amor nos êxtases lascivos
Velhos faunos febris dormem sonhando...
Cruz e Souza
Boca
III
Boca viçosa, de perfume a lírio,
Da límpida frescura da nevada,
Boca de pompa grega, purpureada,
Da majestade de um damasco assírio.
Boca para deleites e delírio
Da volúpia carnal e alucinada,
Boca de Arcanjo, tentadora e arqueada,
Tentando Arcanjos na amplidão do Empírio,
Boca de Ofélia morta sobre o lago,
Dentre a auréola de luz do sonho vago
E os faunos leves do luar inquietos...
Estranha boca virginal, cheirosa,
Boca de mirra e incensos, milagrosa
Nos filtros e nos tóxicos secretos...
Cruz e Souza
Olhos
II
A Grécia d'Arte, a estranha claridade
D'aquela Grécia de beleza e graça,
Passa, cantando, vai cantando e passa
Dos teus olhos na eterna castidade.
Toda a serena e altiva heroicidade
Que foi dos gregos a imortal couraça,
Aquele encanto e resplendor de raça
Constelada de antiga majestade,
Da Atenas flórea toda o viço louro,
E as rosas e os mirtais e as pompas d'ouro,
Odisséias e deuses e galeras...
Na sonolência de uma lua aziaga,
Tudo em saudade nos teus olhos vaga,
Canta melancolias de outras eras!...
Cruz e Souza
Cabelos
I
Cabelos! Quantas sensações ao vê-los!
Cabelos negros, do esplendor sombrio,
Por onde corre o fluido vago e frio
Dos brumosos e longos pesadelos...
Sonhos, mistérios, ansiedades, zelos,
Tudo que lembra as convulsões de um rio
Passa na noite cálida, no estio
Da noite tropical dos teus cabelos.
Passa através dos teus cabelos quentes,
Pela chama dos beijos inclementes,
Das dolências fatais, da nostalgia...
Auréola negra, majestosa, ondeada,
Alma da treva, densa e perfumada,
Lânguida Noite da melancolia!
Cruz e Souza
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Castelos de sonhos
Contemplando o mar, sentado na praia,
Vou brincando distraído com a areia,
Erguendo lá bem alto, castelos de sonhos,
Que vão animando estes dias tristonhos.
As ondas lambem os seixos vagarosas,
Empurrando a espuma, majestosas.
Procuro uma razão, no azul profundo,
Que justifique eu estar neste mundo.
Olho para o horizonte sem nada ver,
As fantasias cobrem a realidade,
Tudo me parece bastante irreal.
Na crença de acordar ao entardecer,
Procuro na fé, a única verdade,
Quero apenas a paz espiritual.
2010 Vasco de Sousa
Os direitos da imagem pertencem ao seu autor.
A imagem foi retirada aqui.
sábado, 29 de maio de 2010
Saudade dos teus olhos verdes
Quando me sento a olhar o mar revolto,
Ainda vejo nele os teus olhos verdes,
A terna saudade desses tempos rebeldes,
Para os quais certamente não mais volto.
Quando as ondas lambem sedentas a praia,
Lembro comovido essa grande paixão,
Recordo as feridas no meu coração,
Lento, fecho os olhos como quem desmaia.
Viraste o meu mundo de pernas para o ar,
Fizeste-me viver todas as emoções,
E ao mesmo tempo aprendi a sofrer.
A ti, que já te coloquei no meu altar,
Dedico agora saudosas sensações,
Que não deixarão os teus olhos esquecer.
2010 Vasco de Sousa
sexta-feira, 28 de maio de 2010
És o brilho que floresce nos meus olhos
Tu és o brilho que nos meus olhos floresce,
A seiva que lenta corre nas minhas veias,
Alimentas esta grande paixão que cresce,
Turvas com as palavras, as minhas ideias.
Sem ti, a vida não faria sentido,
Pois compartilhas tudo aquilo que tenho,
Quando discutimos, sinto-me ferido,
Ando à toa, sem saber de onde venho.
Musa inspiradora dos meus sonhos,
Quando me dás força a cada momento,
Pelo nosso amor, não posso desistir.
A ti devo muitos momentos risonhos,
Quando estou em baixo, és o meu alento,
És tu a minha razão para existir.
2010 Vasco de Sousa
quinta-feira, 20 de maio de 2010
A viagem da vida
Depois de um dia de chuva miudinha,
Logo virá uma tarde ensolarada.
Assim como depois de tristeza minha,
Surgem as alegrias como de rajada.
Atrás de um mau dia, um bom surgirá,
Tal como uma noite se segue ao dia,
A seguir ao inverno, o verão virá !
O Universo em perfeita sintonia.
Algo maior comanda cada momento,
Enquanto nos guia sem nunca hesitar,
Durante esta nossa rápida viagem.
É pois a razão para manter alento,
A vida enfrentar com crescente coragem,
No infortúnio nunca desanimar.
2010 Vasco de Sousa
terça-feira, 18 de maio de 2010
Sou
Sou como uma pedra, no fundo do mar,
Imóvel, observo tudo o que me rodeia.
Sufocado, já nem consigo respirar,
Paciente espero por uma sereia.
Sou como uma folha que voa ao vento,
Que sem um rumo certo, se deixa levar,
Vagueio perdido no meu pensamento,
Ondulando lá vou, sem me preocupar.
Sou como uma árvore, agarrada à terra,
Lançando raízes ali onde nasceu,
Protegendo na sombra as suas sementes.
Sou como um pássaro que nunca aterra,
Que voa livremente por todo o céu,
Flutuando alegre por terras distantes.
2010 Vasco de Sousa
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Vozes Murmurantes
Quando os olhos fecho, o vazio eu sinto,
Quero afastar-me mas não sei para onde vou.
Eles invadem-me a mente ! Eu não minto !
Um grito estridente, que nunca passou.
Enlouqueço, com estas vozes murmurantes,
Que me algemam longe do mundo real.
Estremeço com os gritos arrepiantes,
Neste corpo que me parece irreal.
Quero fugir, mas já não sei de onde venho,
Dentro de mim, reina já um pavor profundo.
Quero retomar o controlo novamente !
Quero libertar toda a raiva que tenho,
Eu não estou louco ! – Grito a este mundo.
Na cela branca, não me fechem novamente !
2010 Vasco de Sousa