Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Êste ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos
terça-feira, 8 de fevereiro de 2005
Psicologia de um Vencido
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Augusto dos Anjos
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2 comentários:
Esse texto traduz todo o pessimismo do início de nossos amargos séculos industriais!
Esse texto traduz todo o pessimismo de nossos amargos séculos industriais!
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