Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra.
Em seus lábios que os meus lábios osculam
Micro-organismos fúnebres pululam
Numa fermentação gorda de cidra.
Duras leis as que os homens e a hórrida hidra
A uma só lei biológica vinculam,
E a marcha das moléculas regulam,
Com a invariabilidade da clepsidra!...
Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos
Roída toda de bichos, como os queijos
Sobre a mesa de orgíacos festins!...
Amo meu Pai na atómica desordem
Entre as bocas necrófagas que o mordem
E a terra infecta que lhe cobre os rins!
Augusto dos Anjos
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005
A meu Pai depois de morto
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Augusto dos Anjos
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