terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

O Lázaro da Pátria

Filho podre de antigos Goitacases,
Em qualquer parte onde a cabeça ponha,
Deixa circunferências de peçonha,
Marcas oriundas de úlceras e antrazes.

Todos os cinocéfalos vorazes
Cheiram seu corpo. À noite, quando sonha,
Sente no tórax a pressão medonha
Do bruto embate férreo das tenazes,

Mostra aos montes e aos rígidos rochedos
A hedionda elefantíasis dos dedos...
Há um cansaço no Cosmos... Anoitece,

Riem as meretrizes no Casino,
E o Lázaro caminha em seu destino
Para um fim que ele mesmo desconhece!

Augusto dos Anjos

0 comentários: