sexta-feira, 23 de maio de 2008

Tivesse eu nascido um bicho do campo

Paisagem do campo, contrastante com uma confusa sociedade moderna Tivesse eu nascido um bicho do campo,
Ou um pássaro a esvoaçar na brisa,
Uma lebre, andorinha ou pirilampo,
A serpente que por entre as pedras desliza,

E teria graciosamente escapado,
Na moderna sociedade da confusão,
Ao grande e brilhante caos instalado,
Muita e actualizada desinformação.

Poderia descansar ao sabor do vento,
Sugaria eu, sem pudor, cada momento,
E não me esqueceria pois de viver.

Tivesse eu nascido num buraco fundo,
Já não me fartaria deste meu mundo,
Pulsaria de alegria até morrer.

2008 Vasco de Sousa

Os direitos desta imagem pertencem ao seu autor.
O original encontra-se aqui.

3 comentários:

Anónimo disse...

Tem sabor a Teixeira de Pascoaes, a Florbela Espanca, este recanto.
Gostei de ler, ainda que (para mim, e é pessoal, note-se, a opinião) ache que a rima cria uma dependência da busca de palavras, sobrepondo o que se escreve ao que sentimos. Já não sai naturalmente, porque trabalhado.
Prefiro a espontaneidade dum poema livre, ausente de rima, mas pleno de sentires tão nossos!

Não é crítica, pois que se não tivesse gostado, não teria lido; até porque muitos dos meus textos vão "beber" tanto a Florbela, a Teixeira de Pascoaes e tantos outros!

Confesso que me emocionei muito naquele teu soneto [de despedida], que me traz a lembrança dum livro que guardo: "As Palavras que Nunca Te Direi"
Até fui buscar a música, aquele tema notável, que te vou deixar aqui, por tão belo!

http://www.imeem.com/people/ONQtXuM/
music/3VK73WLa/08_i_love_you/


Obrigada e vou adicionar-te na minha lista de "encantos" com o maior dos gostos!

Cris

Anónimo disse...

Há aqui um não sei quê que me encanta...

Adoro sonetos sejam lá que estilo forem.

Catorze versos é a conta certa para se soltarem emoções.

Cumprimentos e fico à espreita das "Rochas". :)

Victor Gonçalves disse...

Bom soneto sem duvida, mas concordo
que se devia deixar lavar mais pelo seu coração e menos pelo convencionalismo limitado que o impede de brilhar. e acredite para mim este é um dos seus melhores que já li até agora.


Victor Gonçalves