quinta-feira, 10 de maio de 2012

Invejar o quê ?...

De sorriso afeito e encolarinhado
Encorpado moreno de olhos verdosos
Dentário escorreito cabelo acastanhado
Lábios desenhados cerejos carnosos.

Passada segura no caminhar
Ciente de si e da sua presença
Recrudesce de cuidado justo na crença
Que Narciso manseava no acautelar.

Efluência natural gera torvelinho
Machos chamborgas imitam o fervor
Donzelas suspirando dimanam fantasias.

Homem invejado rico e sozinho
Do contacto humano sente pavor
Vive prisioneiro em redoma de fobias.

2012 Olinda Ribeiro

34 comentários:

Antónia Matos Neves disse...

Realmente Olindinha invejar o quê? O homem exteriormente é bonito, mas interiormente é um sofredor.
Gostei desta incursão vocabulática mais elaborada, percebo que usa a língua portuguesa em toda a sua extensão. Muito bom.

bjs

Antónia Matos Neves

Santos Onório disse...

Olá Olindinha,

As fobias são um problema grave. Adorei os machos chamborgas!!! (por vezes sou um bocado chamborga... mas a fanfarronice passa depressa)
Parabéns por mais um excelente soneto.
Beijos e abraços

Santos Onório

Anónimo disse...

Maria Olinda, estou tão feliz!

Hoje consegui ser a primeira a comentar um verso seu... Nem sei muito bem ainda o que significa mas fiquei a sabe-la no auge do seu sentimento! Obrigado pelas suas partilhas, verbais e escritas.

Um grande beijinho para si e para o seu Emanuel,

Carla

Pedro Lagoa disse...

Um soneto que me questiona e matuto se por vezes não sou o meu próprio carrasco. Muito bom, aprecio-o no todo e de modo muito particular acho-o genial.

Bjs

Pedro Lagoa

Bruno Monteiro Castro disse...

Sim Carla também já tenho tido a pretensão de ser o primeiro... mas um dia ainda vamos conseguir.
Quanto ao soneto é mesmo caso para pensar na tal máxima de que as aparências iludem, ganhamos um registo poético de luxo mas sendo escrito por quem foi já estou muitíssimo habituado.

Bruno Monteiro Castro

Hugo Santiago disse...

Olinda a sua poesia tem íman é um gosto requintadamente adquirido.

Abraços

Hugo Santiago

Anónimo disse...

Fidelíssima na descrição, sem contudo me humilhar, respeitando a minha malaxofobia, dou por ganha a sua aposta em como me conhece realmente muito bem.
Nestes anos que levamos de convívio só a sua delicadeza e sensibilidade têm permitido que a minha solidão seja menos clausura, o seu riso ecoa por toda a casa (inicialmente era irritante) e tudo fica mais luminoso, até acho piada às suas manifestações de carinho. Confessei! Agora o prometido é devido e espero-a cá no horário habitual.

Cumprimentos

G. A.

José Manuel Antunes disse...

Quem vê caras não vê corações.
Muito Bom.

beijocas

J. M. Antunes

jonny disse...

Olá

transporta-me para o dicionário com muito gosto, obrigado, está muito bom e fiquei com mais bagagem e mais informação sobre a minha língua.

jonny

Miguel Lemos disse...

Extasia-me a poesia da nossa estimada Poetisa.

Beijo

Miguel Lemos

Maria Costa disse...

Todos temos uma fobia, mas pessoas há que as têm mais profundas e dificeis de controlar, respeito muito pois sei o quanto pode ser desesperante. Este óptimo soneto identifica alguém que aparentemente tem muito para ser feliz e afinal não é.

Beijinhos

Maria Costa

PS: Portugal e o mundo ficou mais pobre morreu Bernardo Sassetti

Alberta Góis disse...

Olindinha,

Lamento muito que o "borracho" sofra mas é caso para dizer: Dá Deus nozes a quem não tem dentes!!!
Que desperdício!

Bem ao menos deu para inspirar um bom soneto.

beijinhos e mais mimos

prima Alberta

Zeferino Almeida disse...

A Olindinha lá ajeitou um motivo de ir ao baú buscar umas palavrinhas menos usuais para nos lembrarmos que elas existem e que as podemos utilizar sempre que quisermos. Grande Olindinha!

Abraços bem merecidos e beijinhos também

Zeferino Almeida

Victor Gonçalves disse...

Boa noite estimada poetiza mais um precioso soneto que tem como sempre uma mensagem bastante pertinente.

Abraços

Victor Gonçalves

B. Magalhães disse...

Da Olinda tudo se espera principalmente poesia de excelência!
Arrepia chegar aqui e saber que não somos defraudados.

Bjs

B. Magalhães

Vasco Sotto Salgado disse...

Querida Olindinha tirando o pavor do contacto humano este soneto é a minha carapuça, mas se a Minha Poetiza quiser deixo de estar sozinho.

Beijos

Vasco Sotto Salgado

Gil Alves Macedo disse...

Por vezes as fobias tornam a vida execrável.
O soneto está imperdível.

Beijos

Gil

Dário Santareno disse...

Gosto muito deste soneto acho que está francamente MUITO BOM!

Dário Santareno

Mariazinha disse...

Se muitas vezes soubéssemos o que estamos a invejar... não invejavamos nem um terço.
Adorei a forma e a construção.

beijocas

Mariazinha

David Sasseti Loureiro disse...

Emociona-me a sensatez e a destreza de sentimentos que revela com a simplicidade da sua excepcional poesia.
Bem haja.

David

Beatriz Simões de Almeida disse...

Agradeço Olinda por mais um soneto magnifico.

Bjs

Beatriz

Guilhermina Soure disse...

Obrigada minha amiga por mais esta preciosidade poética.

beijinho

Guilhermina Soure

Alvaro Santos disse...

excelente descrição sem palavras vulgares. Gosto sempre muito.

Beijo

Alvaro Santos

Tereza Assis Macedo disse...

Um retrato sem necessidade de retoques ou montagem.
Muito bom

bjs

Tereza

Alexandre Girão Taborda disse...

A net tem estado um pandemónio... parece que se passa Qualquer coisa que implica com os os servidores,,,,
uma daquelas chatices pegadas...

Gosto destes detalhes o soneto descreve um personagem fácil de identificar inclusive a nível psicológico

Carolina Melo Menezes disse...

Excelente caracterização modelando o ser sem magoar o sofrer.
A Olindinha a escrever com a sensibilidade costumeira.


Carolina

Maria Luísa Salgueiro disse...

Conheço alguém que preenche este perfil.
O soneto é como sempre muito bom.

bjs

M. L. Salgueiro

Lourenço Cravinho Mateus Cabral disse...

Aprecio a singularidade e a excelência deste soneto.

Lourenço

César Prado disse...

Interessante muito interessante.

Anónimo disse...

Não sei porquê mas acho estranho este soneto ser relevante na conduta de alguém que exteriormente parece ter o mundo aos pés...
Não o invejo, mas acho que ele podia ir ao médico deve ter cura com certeza, ou então já que não tira partido do que tem dê a quem precisa...

Sargento Ferreira disse...

Olindinha realmente invejar a dor alheia?
Mas ainda há quem tenha a sorte de ter quem alegre a "casa"

Abraços

Sargento Ferreira

Júlio Bastos D`Orey disse...

Prezada poetiza,

Este soneto analiticamente é muito profundo, tem a intensidade de revelar num ser humano a sua mais recôndita morfogenia o que só é possível se existir um conhecimento muito lato da pessoa descrita, ao expor esse conhecimento está a abrir a possibilidade de a pessoa se permitir partilhar (???) li um comentário em que a pessoa que descreveu se assume e aceita o carinho que a Olinda lhe dedica, percebi que é um investimento de muitos anos, razão pela qual este soneto se reveste para mim de um valor indescritível pois vem acrescentar mais dados à "pessoa" que escreve tão maravilhosa poesia.

Abraços

Júlio Bastos D´Orey

João Moura Cancela de Abreu disse...

Excelente Soneto, tem muito para reflectir.

Abraços

João Abreu

Rui Pedro disse...

Um soneto muito bem pensado e que tem um alvo muito certeiro, Gosto mesmo muito.

Rui Pedro