Geralmente sei sempre como escrever,
Pois escrevo, somente o que sinto,
Dentro de mim é uma azáfama, um labirinto,
Nas diversas formas de o saber dizer.
O difícil, não é versejar de sorte singela,
Mas sim escolher da minha essência,
A mais verdadeira. A que me revela.
O transcender da minha existência.
Talvez até esteja a exigir demasiado,
Mas se eu sou exactamente assim.
De que adianta esconder-me ou disfarçar?
Se eu fizer um poema mal amanhado,
Não deixa de ser sentido por mim,
Nem é por isso que deixo de saber amar.
Olinda Ribeiro
Uma colaboradora já assídua que nos presenteia com a sua poesia
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
A minha essência
domingo, 30 de janeiro de 2011
Saudade eterna
Sol escaldante, o chão que piso queima,
A pele seca, pelo vento rasgada,
A chuva gela uma sofrida alma,
Ácidas lágrimas que caem na estrada.
Talvez me tenha esquecido de te dizer,
O quão para mim tu eras importante,
Pois sufoco de saudade por não poder,
Em meus braços para sempre envolver-te.
Vagarosos são os meus dias por aqui,
Partiste depressa; o vazio ficou,
Para perto de mim, tu não mais voltarás.
Até que Ele me leve para junto de ti,
A certeza eu tenho, que por ti velou,
Para todo o sempre, em paz descansarás.
2008 Vasco de Sousa
sábado, 29 de janeiro de 2011
Aparição
Por uma estrada de astros e perfumes
A Santa Virgem veio ter comigo:
Doiravam-lhe o cabelo claros lumes
Do sacrossanto resplendor amigo.
Dos olhos divinais no doce abrigo
Não tinha laivos de Paixões e ciúmes:
Domadora do Mal e do perigo
Da montanha da Fe galgara os cumes.
Vestida na alva excelsa dos Profetas
Falou na ideal resignação de Ascetas,
Que a febre dos desejos aquebranta.
No entanto os olhos dela vacilavam,
Pelo mistério, pela dor flutuavam,
Vagos e tristes, apesar de Santa!
Cruz e Souza
Torre de ouro
Desta torre desfraldam-se altaneiras,
Por sóis de céus imensos broqueladas,
Bandeiras reais, do azul das madrugadas
E do íris flamejante das poncheiras.
As torres de outras regiões primeiras
No Amor, nas Glórias vãs arrebatadas
Não elevam mais alto, desfraldadas,
Bravas, triunfantes, imortais bandeiras.
São pavilhões das hostes fugitivas,
Das guerras acres, sanguinárias, vivas,
Da luta que os Espíritos ufana.
Estandartes heróicos, palpitantes,
Vendo em marcha passe aniquilantes
As torvas catapultas do Nirvana!
Cruz e Souza
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
As estrelas
Lá, nas celestes regiões distantes,
No fundo melancólico da Esfera,
Nos caminhos da eterna Primavera
Do amor, eis as estrelas palpitantes.
Quantos mistérios andarão errantes,
Quantas almas em busca da Quimera,
Lá, das estrelas nessa paz austera
Soluçarão, nos altos céus radiantes.
Finas flores de pérolas e prata,
Das estrelas serenas se desata
Toda a caudal das ilusões insanas.
Quem sabe, pelos tempos esquecidos,
Se as estrelas não são os ais perdidos
Das primitivas legiões humanas?!
Cruz e Souza
Deusa Serena
Espiritualizante Formosura
Gerada nas Estrelas impassíveis,
Deusa de formas bíblicas, flexíveis,
Dos eflúvios da graça e da ternura.
Açucena dos vales da Escritura,
Da alvura das magnólias marcessíveis,
Branca Via-Láctea das indefiníveis
Brancuras, fonte da imortal brancura.
Não veio, é certo, dos pauis da terra
Tanta beleza que o teu corpo encerra,
Tanta luz de luar e paz saudosa...
Vem das constelações, do Azul do Oriente,
Para triunfar maravilhosamente
Da beleza mortal e dolorosa!
Cruz e Souza
Meu querido e doce amor
Desencontro…. Este encontro inesperado!
Todas as memórias se avivaram………
O coração, desprevenido, bate acelerado,
Quantos longos anos já passaram? ….
Ver-te assim vis-a-vis, retrocedi no tempo,
Ao tempo dos nossos corações arrebatados,
Em que para nós era um contratempo,
Um só instante que estivéssemos separados.
Nossas mãos carinhosamente entrelaçadas,
Roçando pelas espigas do trigo já dourado,
Saciavam-nos a fome e os desejos.
Nobres almas formosamente extasiadas,
Deixávamos pelo amor sublimado,
Das nossas bocas correrem cascatas de beijos!
Olinda Ribeiro
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Dupla Via Láctea
Sonhei! Sempre sonhar! No ar ondulavam
Os vultos vagos, vaporosos, lentos,
As formas alvas, os perfis nevoentos
Dos Anjos que no Espaço desfilavam.
E alas voavam de Anjos brancos, voavam
Por entre hosanas e chamejamentos...
Claros sussurros de celestes ventos
Dos Anjos longas vestes agitavam.
E tu, já livre dos terrestres lodos,
Vestida do esplendor dos astros todos,
Nas auréolas dos céus engrinaldada
Dentre as zonas de luz flamo-radiante,
Na cruz da Via-Láctea palpitante
Apareceste então crucificada!
Cruz e Souza
To Sleep, To Dream
Dormir, sonhar -- o poeta inglês o disse...
Ah! Mas se a gente nunca mais sonhasse
Ah! Mas se a gente nunca mais dormisse
E a ilusões não mais acalentasse?
E o que importava que o futuro risse
De um visionário que tal cousa ideasse;
Se não seria o único que abrisse
Uma exceção da vida humana à face?...
Se os imortais filósofos modernos
Que derrubaram todos os infernos,
Que destruíram toda a teogonia.
Orientando a triste humanidade,
Deixaram, mais e mais, a piedade
Inteiramente desolada e fria?
Cruz e Souza
Luar
Ao longo das louríssimas searas
Caiu a noite taciturna e fria...
Cessou no espaço a límpida harmonia
Das infinitas perspectivas claras.
As estrelas no céu, puras e raras,
Como um cristal que nítido radia,
Abrem da noite na mudez sombria
O cofre ideal de pedrarias caras.
Mas uma luz aos poucos vai subindo
Como do largo mar ao firmamento -- abrindo
Largo clarão em flocos d'escomilha.
Vai subindo, subindo o firmamento!
E branca e doce e nívea, lento e lento,
A lua cheia pelos campos brilha...
Cruz e Souza
Momento Zen
Pare um pouco e relaxe.
Aprecie as virtudes da Natureza.
Deixe o seu interior Paralaxe,
E sinta uma enorme leveza.
Deixe que o cansaço abrande,
Inspire, expire, sinta-se a levitar,
Toda a sua mente se expande,
Tudo em si se está a harmonizar.
Com um abraço intemporal,
Abrace a vida e tudo o que ama,
Revitalize-se e sinta-se agraciado,
Sorria (com aquele sorriso “especial”).
Mantenha sempre acesa essa chama,
Que faz do seu “Ser” um Ser privilegiado.
Olinda Ribeiro
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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Há dias em que o amanhecer me sorri
Há dias em que o amanhecer me sorri !
Em que sinto toda a força do mundo.
Sinto-me leve ! Um bem estar profundo.
Recordo as coisas boas que já vivi.
Sinto a esperança; respiro alegria,
Não importa se faz Sol ou está a chover,
Eu sei que hoje, nada me fará sofrer !
Viajo nas núvens da melancolia.
Para morrer, primeiro tenho de viver,
Beber o amor e comer felicidade,
Contigo sonhar acordado, a flutuar...
Nestes belos dias, sinto-me renascer,
O espírito leve, em plena liberdade !
Há dias em que até consigo voar !
2008 Vasco de Sousa
Os direitos da imagem pertencem ao seu autor.
A Brincar, a brincar...
Porque isto pode ser uma brincadeira,
Palavras soltas só para poder rimar,
E agora acerta-se assim: Bebedeira,
Convém também em paixão um pouco falar.
O fio condutor por vezes é confuso,
Junta-se condimento e sentimento,
Aperta-se tudo com um parafuso,
E acrescenta-se depois sofrimento.
E afinal isto não custa nada !
As doze sílabas só temos de contar,
E as linhas surgem de forma natural !
Se é isto que queres fazer na vida,
Experimenta ! Com certeza vais gostar !
No fim, chave de ouro, frase divinal !
2008 Vasco de Sousa
domingo, 23 de janeiro de 2011
Frio gélido. Alma Quente
Este frio gélido é um desconsolo,
Para quem as ruas calcorrear,
Ardem os olhos, os lábios com desolo,
Nem um ai consegue articular.
Lembra o coração de algumas pessoas,
Empedernido, cheio de maldade.
Contrastam com almas simples, boas,
Que até ao mais triste dão felicidade.
Eu nem tenho porque me queixar…
O frio? esse levo-o de temperança,
E o sol lá aparece para me dizer,
Tenho uns raios sempre a brilhar.
E a mim basta ter-te na lembrança,
Para todo o meu corpo se aquecer.
Olinda Ribeiro
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Irradiações
Às crianças
Qual da amplidão fantástica e serena
À luz vermelha e rútila da aurora
Cai, gota a gota, o orvalho que avigora
A imaculada e cândida açucena.
Como na cruz, da triste Madalena
Aos pés de Cristo, a lágrima sonora
Caia, rolou, qual bálsamo que irrora
A negra mágoa, a indefinida pena...
Caia por vós, esplêndidas crianças
Bando feliz de castas esperanças,
Sonhos da estrela no infinito imersas;
Caia por vós, as músicas formosas,
Como um dilúvio matinal de rosas,
Todo o luar benéfico dos versos!
Cruz e Souza
Cristais
Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da tua voz deliciava...
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
Em lânguida espiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas...
Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas
De cantos volutuosos como rondas
De silfos leves, sensuais, lascivos...
Como que anseios invisíveis, mudos,
Da brancura das sedas e veludos,
Das virgindades, dos pudores vivos.
Cruz e Souza
Sonhador
Por sóis, por belos sóis alvissareiros,
Nos troféus do teu Sonho irás cantando
As púrpuras romanas arrastando,
Engrinaldado de imortais loureiros.
Nobre guerreiro audaz entre os guerreiros,
Das Idéias as lanças sopesando,
Verás, a pouco e pouco, desfilando
Todos os teus desejos condoreiros...
Imaculado, sobre o lodo imundo,
Há de subir, com as vivas castidades,
Das tuas glórias o clarão profundo.
Há de subir, além de eternidades,
Diante do torvo crocitar do mundo,
Para o branco Sacrário das Saudades!
Cruz e Souza
És a minha paixão
Eu gosto de ti, mais do que outro qualquer.
Acredita em mim, porque é a verdade !
Nós poetas, mesmo sem nos aperceber,
Amamos com uma maior intensidade !
Quando te digo que és a minha paixão,
Amo-te com todas as forças que tiver !
Quando te abro assim o meu coração,
Dar-te-ei o mundo ! Tudo o que tiver !
No entanto, quando tudo oferecemos,
Deverás saber que não nos esquecemos,
De alguma coisa exigir em troca !
Peço-te o teu mais que sincero amor,
Unívoco, franco e fortalecedor.
Ajuda-me a preencher esta alma oca...
2011 Vasco de Sousa
Adaptado de um outro soneto meu, mais antigo.
Os direitos da imagem, pertencem ao seu autor. A mesma foi retirada aqui.
Fogueira Interior (II)
Fico ali sentado, observando as chamas,
A alma com elas ardendo juntamente,
Sentindo um intenso vazio, reclamas,
A dor multiplica-se infinitamente.
Olhando o infinito, perdido em lágrimas,
Meus tristes pensamentos tão longe perdidos...
Nesta minha incessante busca de rimas,
Para te transmitir sentimentos feridos.
És, foste e serás o meu grande amor !
Mesmo que me deixes nesta imensa dor,
Que me consome completamente por dentro.
Como tu, é impossível de encontrar !
E de outra, é impossível eu gostar !
Saí para a rua... Sei que nunca mais entro...
2011 Vasco de Sousa
Os direitos da imagem pertencem ao seu autor.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Os sonhos mais belos
É noite, vou dormir e sonhar contigo.
Aconchegar-me no cheiro dos teus cabelos,
Descansar e afastar este cansaço fatigo...
Na tua madrugada tenho sonhos mais belos.
Vou espraiar-me sem pedir permissão,
A esta dormência que me persegue,
Decalcar nos meus sonhos a ilusão,
De fogo ardente a que me entrego.
Vou deixar-me assim abandonada,
Na cama quente e aconchegante,
Fazer desta noite meu porto e abrigo.
Menear ligeira por etérea alvorada,
Inspirar do deleite o âmago aromatizante,
De ainda acordada… já sonhando contigo!
Olinda Ribeiro
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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Palavras
Todas as palavras são preciosas,
Têm tanto para dizer e nos revelar,
Com as palavras mesmo silenciosas,
Descrevemos a emoção de amar.
E de forma subtil as alinhamos,
Lado a lado dos nossos sentimentos,
Facilmente com elas constatamos,
Que somos um delicado movimento.
Abrimos a alma. Respiramos fundo.
Delineamos histórias, vivemos paixões,
Escrevo um poema, também o declamo.
O melhor de tudo, o melhor do mundo,
A maior e mais sentida das emoções,
É que com as palavras digo que te amo!
Olinda Ribeiro
Soneto enviado para publicação.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Desventuras de amor
Em todas aquelas desventuras de amor,
Que foram devastando o meu coração,
Vi muitos dos sonhos transformados em dor,
Alegrias perdidas na desilusão.
Pelas agruras que já passei outrora,
Nada mais restam que breves recordações,
Pois tudo o que consigo sentir agora,
São momentos plenos de doces emoções.
O brilho dos teus olhos engrandece-me,
A tua paixão e força dá-me alento,
Agora posso então sentir-me completo.
A semente da paixão enriquece-me,
Finalmente a paz deixei de procurar,
Conquistei o prazer de apenas amar.
2011 Vasco de Sousa
Os direitos da imagem pertencem ao seu autor.
A imagem foi obtida aqui.
Estou viva !
Lindo e solarengo este dia,
Cheira a flores. O sol está radioso.
As gentes têm um ar mais jubiloso,
O riso das crianças… rejúbilo de alegria.
Caminho serena pelo paredão,
Expiro, inspiro, o cheiro da maresia,
O marulhar das ondas marca o ritmo,
Do suave palpitar do meu coração.
E tudo é tão bonito e fulgente,
Os casais estão mais enamorados,
Os carinhos mais resplandecentes,
Agradeço tão maravilhosa dádiva,
Por estes dias tão ameigados,
E se os aprecio, é porque estou viva!
Olinda Ribeiro
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domingo, 16 de janeiro de 2011
Douradas folhas de outono (II)
Mais um dia, que vai nascendo lentamente,
O brilho do Sol espreita nas árvores,
Sentado no jardim, em estado dormente,
Gotas de orvalho húmido na flores.
Gélido frio da manhã faz-se presente,
Aguçando logo todos os meus sentidos,
E fica claro na minha mente,
O que se passa nos seus recantos.
Vejo as belas douradas folhas caindo,
Recordando-me esta estação fria.
E não consigo deixar de pensar em ti !
Recordo com saudade o teu rosto lindo,
Vivendo essa tua imensa alegria,
Sinto-me então feliz por estar aqui !
2011 Vasco de Sousa
Os direitos da imagem pertencem ao seu autor.
A imagem original encontra-se aqui.
Há limão muito doce……
Porque achas que sou tão cítrica?
Acaso imaginas os porquês?
Quando olhas para mim o que vês?
Sabes a dor que me corporifica?
Também sei ser muito alegre!
Tenho auroras de muita harmonia,
Muita luz o meu sorriso irradia,
E a doçura a minha vida integre.
Não espero o regresso de el-rei D. Miguel,
Nem tenho nada de saudosista,
Mas tudo faz parte da minha identidade.
O limão liga muito bem com o mel,
Interagem, são até muito intimistas!
Faz parte do amor, dor e afectividade.
Olinda Ribeiro
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sábado, 15 de janeiro de 2011
Solidão Emiliana
Transcrevo de mim a solidão,
Horas e horas passadas a definhar,
Desejando estar com os que já lá estão,
Vivendo por viver até minha hora chegar.
Que saudade dos risos definidos,
Dos rostos de quem tenho na lembrança,
O que resta desses tempos idos,
Lágrimas, mágoas, são a minha herança.
O que faço por aqui a prantear?
Se não tenho desta vida senão dor.
Que outra vida me seja destinada,
Que possa de novo capitular,
Ter um final mais apaziguador,
E à solidão? Deixá-la comensurada.
Olinda Ribeiro
Soneto enviado para publicação
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Suave dolência
Fecho os olhos e deixo-me embalar,
Por pausas momentâneas de torpor,
Sem mais nada em que pensar,
Retiro deste momento o sabor.
Até o respirar é diferente,
Suave, tranquilo, relaxante,
Todo o corpo é consistente,
Com o ritmo calmo balouçante.
Quero ficar assim embalada,
Sem ter que despertar prá realidade.
Estar entorpecida, dolente, absorta…
Meia louca de amor embriagada,
Nesta doce contemplatividade…
Longe da minha dor que anda à solta.
Olinda Ribeiro
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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
As escarpas do teu Amor
Altas e escuras paredes impenetráveis,
Que por entre nós se erguem imponentes,
Na suas fendas, mistérios infindáveis,
Os seus contornos, sombrios e envolventes.
Essa barreira de rochas que nos afasta,
Com o bater das ondas será quebrada,
Pois só um verdadeiro amor de alma aberta,
Levará tão grande muro de vencida.
É meu desejo, de ti aproximar-me,
Na tua espuma docemente afogar-me,
Embala-me com a tua canção.
Salpica-me e envolve-me na tua magia,
Enfeitiça-me com a tua maresia,
Afasta as escarpas cinzentas, da paixão.
2008 Vasco de Sousa
Nota: Este soneto foi inspirado na imagem acima apresentada, da autoria de Rosa Maria(Azoriana), autora do blog: Azoriana, em resposta a um: Desafio.
Simples como gosto
Em situação alguma é decidível,
O “Ser” individual ou singular,
Como na ausência do Ser é credível,
Amar sumamente tem néctar.
Temas demasiados filosóficos,
Para quem como eu gosta de ser,
Simples, fácil de entender,
Amo-te, amas-me, nada utópicos.
Não vejo complexidade,
Em dizer sim, não, ou talvez,
É só manter a integridade,
Discernir o falso do verdadeiro,
Eliminar o absurdo, manter a lucidez,
Amor é amar, e amar, É ser inteiro!
Olinda Ribeiro
Soneto enviado para publicação
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Por entre os campos de verde semeados
Por entre os campos, de tão verde semeados,
Dou lentos passos, fecho os olhos devagar...
Piso a terra, chuto uma pedra no ar,
Afasto a mente de outros momentos passados.
O aconchego do Sol conforta a mente,
O cheiro das flores embriaga os sentidos,
Esqueço com avidez momentos perdidos,
Naquela paz, eu ficava para sempre...
Desço mais um pouco, pela terra barrenta,
Relembro já com saudade, tempos de outrora,
Sento numa pedra quente, a meditar.
Invejo sim senhor a vida pachorrenta,
Que muito gostaria eu de ter agora !
Ficarei pois, mais um pouco... a sonhar...
2009 Vasco de Sousa
O Inverno e o Amor
No inverno também há prados verdejantes.
Também vejo jardins florescidos.
As aves enchem o céu de bailados constantes.
E os sorrisos revelam prazeres adquiridos.
E o cheiro das pinhas crepitantes,
Ardendo confortáveis na lareira,
Estalidos perfumados faiscantes,
Enaltece o doce aroma da madeira.
E até a chuva impetuosa,
Fustiga severa contra a vidraça,
Insistindo que os amantes entrelaçados,
A oiçam como música virtuosa.
E o inverno fica mais cheio de graça.
Os beijos ficam mais acetinados.
Olinda Ribeiro
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Saudade por onde vais
Minha vida é uma quimera,
Sem cheiro de rosmaninho,
Totalmente fora do ninho,
Sem esperança de Primavera.
De que serve um amor esquecido,
Empoeirado numa estante,
Perde o viço estonteante,
E, o odor, que o fazia apetecido.
Cavaleiro da minha ingenuidade,
Povoaste-me com sentimentos tais.
Perduram até hoje! Deslumbrada……
Que mortinha estou de saudade,
Desses teus ternos profundos Ais….
E do rubor por me saber tão desejada.
Olinda Ribeiro
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domingo, 9 de janeiro de 2011
Pânico !
Por vezes escondo-me e não sei porquê.
Este medo constante que me atormenta…
Outras vezes fujo e já nem sei de quê,
Por dentro uma tempestade violenta.
O coração quase salta pela boca,
O meu corpo fica banhado em suores,
Calafrios que nascem numa mente louca,
As dores são como pesadelos. Tremores !
Sinto-me apático e paralisado,
O dia a dia passa sem um sentido,
Como se tivesse medo de o viver.
Forte pânico que me deixa perdido,
Por este terror estranho alimentado,
Que já me faz continuamente sofrer.
2011 Vasco de Sousa
Os direitos da imagem pertencem ao seu autor.
A imagem foi obtida aqui.
Silêncio...
O meu silêncio… é um grito de amargura,
O ódio, a raiva do meu descontentamento,
É a semente que floresce na agrura,
E nada faz para ser esquecimento.
Este silêncio… ÉS TU… aqui tão perto…
A vontade de arrancar-te cá de dentro,
Desbravar e encher este peito sem afecto,
Vaguear sem norte pelo norte sem assento.
É do silêncio… a voz tremente, o vazio,
A distancia lavrada no desamor,
E a viagem sem regresso de ti…
Verde silêncio… que corres por mim como um rio,
E falas mais alto que a própria dor…
ÉS no silêncio… a imagem mais perfeita que já vi!
Olinda Ribeiro
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sábado, 8 de janeiro de 2011
Batalha De-Juba-Rota
Apenas quero deixar de existir.
Apartar de mim esta coisa abafante,
Aliena-me, fustiga-me É frustrante.
Sinto o que sinto e não o posso impedir.
Nos pontos nevrálgicos é que mói.
Soturnos pensamentos me admoestam.
Tresloucadas palavras me desgastam.
Ferem-me no amor que mais me dói.
Quem ganha o quê nesta batalha?
Não existem vitoriosos ou vencidos.
Existe sim muita desilusão!
Escaleres de dor sem mortalha,
(Podres em todos os SENTIDOS)
Fins que não justificam a razão.
Olinda Ribeiro
Soneto enviado por uma leitora do blog
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Coerência
Não parto a loiça toda porque me apetece.
Parto-a porque tenho que partir!
Porque ao parti-la o que acontece,
É que depois a tenho de substituir.
O mesmo acontece com outras coisas,
Faço-as porque tenho que as fazer.
Paradoxalmente são como réplicas,
De atitudes que me esforço por não ter.
Nem vale a pena insistir………………
Não se chega a conclusão nenhuma.
Por isso atenta bem no que te digo:
- Partir loiça apenas por partir,
É um acto impreciso que se esfuma.
Não é crime… mas pode bem ser castigo!
Olinda Ribeiro
Soneto enviado por uma leitora do blog
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Sedução
Breves são estes momentos em que te vejo,
Com um sorriso brilhante por mim passas,
E consciente despertas este desejo,
Que fomentas mas logo depois disfarças.
O teu perfume espalha-se pelo ar,
Vincando o som ritmado dos teus saltos,
Seduzes com a firmeza do teu olhar,
Com os teus cabelos brilhantes e soltos.
E todo este meu grande desassossego,
Que a minha paz aos poucos tem minado,
Quase inconsciente, irracional.
Deriva destas recordações que trago,
De um momento no meu coração gravado,
Que afinal te torna tão especial.
2011 Vasco de Sousa
Os direitos da imagem pertencem ao seu autor.
A imagem foi obtida aqui.