quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O protagonismo é meu

Constato que existo surrealista,
Nos escombros dilacerados do meu ser.
Do filme atroz onde sou a protagonista,
Colho os louros pelas escolhas de sofrer.

Grandiosos aplausos de desespero,
Recebo enlutada, quando subo ao palco,
Agradeço com gestos majestosos e reitero,
As feridas do meu peito em socalcos.

Já nem me incomodo como a dormência,
Envolve os minutos de cada hora…
Que esta amálgama de dor infinda,

Mais parece um acto de demência!
Restolhos de lágrimas minha alma devora.
Toda a dor é minha! Ganhei-a! Nunca finda!

Olinda Ribeiro
Soneto enviado por uma leitora do blog

Trevas

Descem sobre mim as trevas,
Envolvem-me num manto sombrio,
Escuridão, cegueira, desvario,
Loucura, para onde me levas.

Pobreza de mágoa é esta agora,
Reflectida na minha sombra,
Sufoco gemidos nas alfombras,
Da morte não vejo chegada a hora.

Incompreensível, intolerável, severa,
É a raiva de te perder sem sentido.
Essa tua teimosia cruel, dilacera,

Destrói-me, corrompe, desvanece.
Do outrora jardim florido,
Resta uma sombra que se esvaece.

Olinda Ribeiro
Soneto enviado por uma leitora do blog

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Era uma vez um sonho,
De uma história de encantar,
Que tinha um pavor medonho,
De não se poder realizar.

Certo dia uma criança,
Olhou para ele e sorriu,
O sonho cheio de esperança,
Fechou os olhos e dormiu.

Ficou muito agradecido,
Por se ter realizado,
E desde então para cá,
O sonho sonha acordado.

E tão feliz ficou,
Com o resultado final,
Que até se transformou,
Num doce de Natal!

Olinda Ribeiro

domingo, 19 de dezembro de 2010

Confidência

Confidenciei à solidão,
O derradeiro delírio da minha alma,
Delicadeza pueril que salma,
O som do bater do coração.

Executado em dó menor,
Recital de angústia magistral,
Pautada por dor abismal,
Tendo por maestro o Amor.

Sorrio como quem desmente,
O drama agreste que me fere,
Fingindo ter quem me espere,

Quem a minha falta sente!
Oh dolorosa e triste memória.
Amor ausente. Vã glória.

Olinda Ribeiro
Soneto enviado por uma leitora do blog.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Amor desprezado

Vejo nos teus olhos entristecidos,
melancolia e desprendimento,
o franzir da testa, o sofrimento,
revelam desgostos contidos.

Leio no teu rosto agonizado,
a dor forte suspensa,
dilacerada, acutilante, intensa,
fruto do amor desprezado.

Conheço bem esse desgaste
(ainda sinto o grito alucinante)
Que despedaça o coração.

Já é silêncio que baste,
Perderes a tua constante,
Não percas também a razão!

Olinda Ribeiro
Soneto enviado por uma leitora do blog

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quem dera poder amar

Quem dera poder amar-te
Assim como quem bebe água
Sonegar ligeira esta mágoa
Da dor sofrida com arte.

Quem dera mais muito mais ainda
Ofuscar o sol com o teu rosto
E gritar que gosto apenas porque gosto
Porque me agrada esta dor infinda.

Parece doentio bem o sei,
Mas que fazer se é assim que sinto.
Mentir a ti, que a mim não minto.

Nem me arrependo do que te dei.
Bebi do cálice da dor cheia de graça,
Bebi com amor e jeito de garça.

Olinda Ribeiro
Soneto enviado por uma leitora do blog

De repente em meu seio caiu neve,
gelou-me a nudez do meu pranto.
Sortes negras mudas de espanto,
desse gesto longo e tão breve.

Desnecessária seria essa frieza.
Já que o meu sangue quente
dói que baste, gesto ausente.
Lúcida e incómoda é a tristeza.

E se não fosse por Deus,
Juro que teria desmaiado…
Nesse doce abraço da morte.

Que a fé que tenho é por sorte,
O braço que me tem amparado,
E me liberta dos pesadelos maus.

Olinda Ribeiro
Soneto enviado por uma leitora do blog

Escuridão

A escuridão que se apodera de mim, aos poucos, não me impede de ver os raios de luz que me querem envolver Há dias em que caminho na escuridão,
Em que o terror se apodera de mim.
Há dias em que preciso da tua mão,
Para me encontrar, nesta rota sem fim.

Um medo crescente, fonte de tormentos,
Que me invade e, aos poucos, já domina,
Que me paralisa todos os movimentos,
Nem tremor que clama por ajuda divina.

A pouco e pouco, vou perdendo as forças,
Quase desejo parar de respirar !
Encontrar a paz… Dá-me esse motivo !

Procuro uma luz que me dê esperanças,
Procuro a razão para poder gritar
ao mundo que estou aqui ! Estou vivo !

2010 Vasco de Sousa
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