domingo, 29 de abril de 2012

Um pequeno segredo

Deixa-me contar-te um pequeno segredo.
Chega aqui… Não tenhas medo…
A verdadeira poesia não se esconde nos versos,
Mas sim nos teus pequenos gestos.
Demonstra os teus sentimentos,
Poderás viver assim felizes momentos.
Saboreia o presente, em todos e a cada dia,
Partilha com os outros, essa tua alegria.
Não podes viver no passado,
Porque esse tempo está findado,
Nem pensar demasiado no futuro,
Não saberás se é brilhante ou obscuro.

E enquanto te perdes, nos tempos que não existem,
Esqueces aquele que é realmente importante.
É o presente! É ele que te bate à porta!
Aproveita cada segundo, como uma dádiva do além.
E a pergunta que todos teremos de nos fazer:
Afinal, saberemos realmente todos nós VIVER ?

2012 Vasco de Sousa

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Semente

Era eu uma das sementes pequeninas,
Aconchegada no meu buraquinho,
Abençoada com gotas de água cristalinas,
Adormecida por um Sol bem quentinho.
E então, despertei para a grande aventura,
Que seria toda a minha vida,
Por vezes regada com doçura,
Outras vezes porém, seca e árida.

Em cada dia, fui crescendo mais um pouco,
Pequenas folhas, um rebento, outro galho.
Já vejo mais alto! Não vergo com o vento louco.
Aprecio o Sol quente, as gotas de orvalho.
Floresço com orgulho. Novos tempos se avizinham.
Rodeio-me de novos amigos na floresta.
Os meus frutos na terra se aninham,
Que grande alegria! É vida que desperta.

Já estão grandes como eu. Cresceram depressa…
O meu tronco imponente, estala já envelhecido,
A seiva vai correndo lenta e espessa,
O núcleo porém está mais fortalecido.
Nos meus braços os pássaros fazem ninhos,
Conquistei o lugar ao qual pertenço.
Encontrarei a paz nestes pequenos miminhos.
Mais um dia de alegria, é só no que penso.

2012 Vasco de Sousa

sábado, 21 de abril de 2012

Tenho a alma virada pró mar

Tenho a alma virada pró mar
aquela imensidão
aquarelas brilhantes
baloiçando
ora sim ora não
piscares cadentes
bailar bailar bailar
em espuma e sal
e o mar
a minha alma a espelhar!

2009 Olinda Ribeiro
18 de Maio

Chá


Dizem por aí que o óptimo é inimigo do bom
???  ???  ???
Eu digo que o óptimo e o bom
São muito amigos e andam de mãos dadas.
É óptimo o bom sentar-se à mesa comigo a tomar um chá,
Pomos a conversa em dia, sobre nada divagamos,
Mais por silêncios, de mãos dadas nos bastamos,
Sempre juntos, presentes em todas as circunstâncias,
Sem votos nem juras, entre amigos não há distancias,
Devagar a divagar vamos cada qual à nossa vida,
Que óptimo cá teres estado passámos um bom bocado,
Os inimigos desdigam-se e façam como nós…
Tomem um cházinho… assim não lhe sentem a falta … de CHÁ!

2008 Lili
6 de Agosto

Chá:  Infusão de folhas ou flores de várias plantas
        - Chá dançante
        - Chá à Inglesa que a propósito foi introduzido por uma Rainha Portuguesa 
         Dª Catarina De Bragança 
       -  Apanhar um raspanete
      *  “ Não tomar chá em pequeno”- não inventei vem no dicionário!!!  …
      * está confirmadíssimo que a falta de chá está na origem de muita dor de cotovelo e de outros graves distúrbios tais como a inveja… a maledicência… o rancor…

Não penso logo sinto (II)


Estou a ficar expert na arte de NÃO pensar
Não tenho pensado bastante ultimamente

2ª feira foi excelente! Atingi o auge do não pensar!

5ª feira dei por mim  a voar
Com uma gaivota
Senti o vôo da gaivota e voei

Hoje sábado não pensei inutilidades
E senti o prazer do pensamento útil
Utilizei-o para não pensar
E senti-me livre!

2001 Lili
26 de Maio

Não penso logo sinto


Estou a ficar sábia
Não penso muito nas coisas
Outras nem penso nada
Durante o dia exercito-me a não pensar
Os resultados
Sinto-os sentindo os benefícios de não pensar
Hoje: Entre as 10 e as 11 não pensei…
Mas senti uma tranquilidade imensa.
Estou a gostar de sentir
Vou continuar a praticar!

2001 Lili
22 de Março

Não entendo certas frases


Ignorância minha
Lentidão de pensamento
Certo desfasamento
Letra levada à linha

O facto é que não entendo certas frases!

“Quando fazemos amor” não me estou a fazer entender,
Vou diretamente ao assunto.

Esta noite fizemos amor apaixonadamente… tal tal e tal…
Bem o que quero dizer é:
- O meu caso, somos um casal, desde que estamos juntos, fazemos amor vinte e quatro horas por dia todos os dias, todos os meses, todos os anos. Desde o início da nossa relação amorosa temos outro tipo de relações um com o outro, muito boas até, só para dar um exemplo, as sexuais, que nos fazem muito felizes e entre outras “coisas” servem para estreitarmos laços e nos mantermos fortes, saudáveis e unidos nas adversidades, razão pela qual as praticamos muitas vezes, até porque quanto mais vezes praticamos, mais refinamos as técnicas, conjugando o máximo prazer e o mínimo de esforço, por comum acordo é uma área onde investimos bastante. Outra relação que temos muito boa é que nos relacionamos muito bem com a natureza, ele “pratica” a visão, eu sou mais dada às práticas ativas… por exemplo se ele olha para uma rapariga eu… não sou de modas… a modos que lhe prego um valente…..nada! Eu também tenho olhos na cara!

Será que me fiz entender…

Como esta frase muitas outras há… mas ficam para depois que agora… vou praticar…
Uma relação intima com um bom bife do lombo! 

1996 Linda
20 de Maio

Os poetas também amam


Oferendas e mimos e outras coisas fatais…
São os poetas loucos…
Amando muito… mas aos poucos…
Amando…
Como o mais comum dos mortais!


1991 (Lili) Olinda Ribeiro

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Que rico dia

Hoje vivi intensamente!

Apanhei uma forte chuvada

Senti o vento no rosto

E por intrépidos momentos

Não pensei em nada

Isto sim é que é Vida!


2012 Olinda Ribeiro

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Estou atenta …. E tu?


Acabei de descobrir que tu e mais tu…
Me desconheceis na totalidade,
Porque me achais triste e soturna?
E de contas atrasadas com a vida?... EU???
Lamentais-me nem sei porquê?
Pesais-me com tamanha ignorância…
Será porque não acerto contas convosco?
Se vós próprios não sentis o que deveis a vós mesmos,
como sabereis o que deveis aos outros?
As cobranças estão no inferno, assim como as boas intenções.
Importam os actos, o que fica por dizer pouco importa…
(dependendo da situação claro está!)
Vezes há em que devemos gritar a plenos pulmões o que sentimos,
mas calar bem alto o que falamos já que o silêncio é de OIRO.
Mas os factos falam nas atitudes dos actos praticados
Não passo a mão pelo pêlo de ninguém, são crescidos,
Distinguem entre o certo e o incerto e o errado
Irradiam muita luz entre o bem e o mal…. Discernimento têm.
O que tenho para vos ensinar afinal? Somos todos aprendizes.
Arrependimentos todos temos …. ( O arrependimento é bom)
Mas é possível evitar alguns …. arrependimentos
Aqueles… os tais que causam dores desnecessárias.
Se não formos demasiado egoístas!
Perdoo facilmente, e não raras vezes asneiram à vontade,
Pois têm o perdão como certo, ter até têm,
É certo, mas as consequências também.
E a factura acaba sempre por aparecer, e tem que ser paga.
Eu pago e sofro as consequências dos meus actos.
Tento ter as contas em dia porque gosto de me sentir leve,
sentir o aroma e a sedução e o lado sensorial da vida,
E quando dou um abraço, abraço de corpo e alma,
O mesmo acontece quando sorrio ou dou uma gargalhada,
Ou quando estou a apreciar as pequenitas maravilhas
É que gosto de ter a consciência arrumadinha…
(Até pode estar cheia de teias de aranha, são verdadeiras obras de arte)
Mas tranquila… serena… sem me incomodar, …
Para não me distrair de tudo o que é verdadeiramente importante
Como o desenho de uma nuvem, o som do mar, um cachorro aos pulos,
tu a fazeres traquinices, a música a tocar,  as avózinhas na tagarelice,
o vento a cantarolar, o pão quentinho, o barquito a velejar, os rapazes
a mirarem as raparigas, e elas atrevidas olham provocadoras,
sabendo que eles ficam atrapalhados e desajeitados…
ou simplesmente…Estar sem fazer nada…
só a sonhar com os meus botões… a pensar com os meus botões…
Os meus botões dizem tantas coisas… são de facto meus amigos.
Falam até de flores em botões ou um botão perdido e encantado,
Ou talvez a deixar que a poesia me inspire e expire…
Ou simplesmente a escrever estas linhas só porque
Me entristeceu ver-te triste por tão mal me conheceres
Sem saberes que sou a pura alegria e o canto do rouxinol,
E que mesmo na noite mais fria sou mais quente que o sol.
Ou que penso tantas vezes em ti, só porque gosto de ti…
Diz-me lá quanto me deves? Acertas as contas comigo.
Pelas minhas contas eu digo quanto me deves: NADA! Nada é quanto me deves….
Paga agora e ficamos quites!
As boas contas fazem os bons amigos, contas feitas!
Dá-me também um sorriso e já agora um abraço.
Dou-te também um sorriso e já agora um abraço.
Acerta contigo o passo que o passo quando é bom passo,
Leva-te por cama bem feita e quem boa cama faz em boa cama se deita.
E tem bons sonhos e dorme bem  e fica atento prá vida…
Para esta vida aqui … que a outra se existir … depois logo se vê.

2012 Olinda Ribeiro

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Poesia coquete

As afeições marmoreadas embotam os sentidos. Poesias,
Passeiam copiosas entre avenidas, veredas, e arvoredos frondosos,
Almas amantes surripiando carinhos e olhares famintos,
São poemas sobre rolas, fénix, unicórnios e sereias rubescentes,
As delicadas poesias são só sonhos almejados por poetas,
Todos os poetas tecem magnânimos mantras à poesia…
(Os poemas)

Paraísos em debandada entre rimas e amor explícito e implícito,
E sabemos nada! Temos sede do atingível verso perfeito.
Entre papos de anjo e teias de aranha arquitetamos laudes,
O musculo coração bate acelerado/serenizado ante a criação,
Se uma só palavra basta para arrebatar a mente e o ser e o existir.
Asperge-se todas as coisas como um acto de viver merecidamente,
Vive-se cada letra abreviada unida a outra e nasce a palavra respirada,
Depois… Depois a frase, descritiva, revela por quem bate o coração,
O olhar crepitante pinta sentimentos, muitos risos e flores marron…
Debalde o que se passa em redor ouve-se música celestial
Entre as pedras da rua o ébrio zigazeante e a perfuradora.
E se por um feliz acaso estamos arrebatadamente apaixonados
Então a poesia nasce até dum caracol pastando pelos caminhos de Santiago!
Somos capazes de nos considerar destramente sábios,
O ego fica do tamanho do universo e os deuses que se acautelem…
O vento borrascoso dá um safanão … como imagens cópticas… pó,
As palavras cépticas desfazem-se como espuma na areia,
E a lição a reter é que a vida é para viver tal como o amor,
E se por um ocaso a poesia que sinto a for transmitindo,
Não é por mérito próprio mas por vontade da própria poesia.
Os poetas nada sabem de poesia. A poesia sabe tudo dos poetas.
Brinca com os poetas, como se os poetas fossem grãos de areia escorrendo entre os dedos…
Mas é caprichosa! Não permite que outrem desdenhe dos seus poetas…. Isso é que não!
Os poetas são seus! Ama-os fogosamente … no ardor da paixão inspira-os,
No amago da tristeza consola-os, e nos dias de chuva fazem amor!

 2012 Olinda Ribeiro

segunda-feira, 9 de abril de 2012

É só alinhar e pronto…


Olá estás aí? Não te consigo ver bem
Tenho que alinhar melhor esta coisa…
Estás um bocado desfocado…. nem me pareces tu…
Decididamente não pareces nada tu….
O que raio se passa com isto…
E eu que tenho tantas saudades tuas….
Apetece-me tanto dar-te um abraço….
Mas isto não me deixa ver-te bem….
Até a tua voz está destorcida…
Vá dá uma mãozinha… chega-te para aqui…
Mais aqui para o meio… só mais um bocadinho.
Perfeito! A imagem está perfeitamente nítida.
Agora vamos ver se te consigo ouvir bem…
Vá vai falando… ainda não…  nada…
Não desistas diz-me que ainda te lembras de mim…
Sim … já começo a ouvir melhor… sim também tens saudades…
Ouvi perfeitamente a tua voz, que bom ouvir a tua voz…
Mas tem um som um bocado metálico e assim distante…
Sabes as novas tecnologias até têm as suas vantagens …
Direi até que são muito úteis, mas são um bocado insípidas…
Sem calor, perfume, sorrisos, emoções,  carinho…
Mais uma das razões pelas quais prefiro guardar-te aqui,
Bem dentro do meu coração
Onde posso ver-te e ouvir-te sempre que quiser.
E também posso mimar-me com as memórias do tempo que passamos juntos.

2012 Lili (Olinda)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Fui Hipócrita?


Bem-aventurados os puros de coração.
Estou na reta final da Quaresma,
Prestes a chegar ao domingo de Páscoa,
Imponho a mim mesma esta pergunta
FUI HIPÓCRITA? TENHO COMPORTAMENTOS HIPÓCRITAS?
Pretendo ser fiel a mim mesma e sei, que se por um lado nada tem a ver      
Com a Cruz… com Cristo Redentor … com a Ressurreição … Religião!
Por outro lado tem exatamente a ver com tudo isto.
Também tem a ver com um certo mal-estar dentro de mim.
Há muitos anos que deixei as máscaras de lado,
Portanto se alguma coisa me incomoda o melhor
É resolver logo a questão. Direita ao assunto.
As minhas questões resolvo-as confrontando-me,
Então confronto-me, questiono-me e interrogo-me:
FUI HIPÓCRITA? TENHO COMPORTAMENTOS HIPÓCRITAS?
Sei que é a hipocrisia que me está a incomodar.
Estou em frente ao espelho, miro-me de alto a baixo…
Nada! Não é no exterior que tenho que procurar…
Conheço-me, e sei que só existe uma maneira de lidar com a situação,
Em total escuridão, no mais profundo silêncio, olho-me olhos-nos-olhos
E faço a pergunta:
FUI HIPÓCRITA? TENHO COMPORTAMENTOS HIPÓCRITAS?
Leva tempo até que a confusão interna se acalme…
Até que as desculpas cessem… e os pavores se calem…
E o terror mental me invada… e se sou Hip……
Os suores invadem-me, os calores proliferam,  a garganta seca…

Hei para onde é que vais com esse stress todo… 
Ouve primeiro o que tens a dizer…. Que condenação é essa…

A respiração está mais tranquila ... mais fluída ... já me oiço
o coração pulsa ritmado e com suavidade,  a tensão normalizou…
Estou pronta para começar….

2012 Olinda Ribeiro
Desejo-vos uma Santa Páscoa da Ressurreição para todos
PS: Estimada família, como sei que posso contar convosco, desta vez gostaria muito que se abstivessem de comentar este texto, partilho-o como premissa da semana que atravessamos e como introspeção, porém claro está que são livres de o fazerem  e são muito bem recebidos. Bem Hajam.

domingo, 1 de abril de 2012

Anónimos tristes e desesperados….

Conheces bem todos os sintomas
Desgostos, mágoas, tormentos, horrores,
Violências, perdas, mentiras, mortes,
Dores, e as moinhas, as moinhas…
São as mais difíceis… estão ali a moer,
A moer sempre a moer… segundo a segundo
Minuto a minuto… sem nada que amorteça a dor
Os segundos e os minutos transformam-se em horas
As horas em dias os dias em incontáveis dores
E já perdemos o fio à meada e caímos por terra,
A moinha acabou com a resistência …
Já estamos na demência…
Então deitamos mão ao que ainda nos resta…
inconscientemente/incomportavelmente
estranhamente a quem pensamos nos vai ignorar…
surpreendidos por obter resposta….
A voz silenciosa segreda como a tal moinha…
Lembra-te como era lá no tempo em que sabias sorrir…
Que o som do teu riso inundava de alegria tudo em redor…
Que apreciavas o canto dos pássaros e das cigarras…
Lembra-te de qualquer coisa por mais simples que seja
Mas que te fazia feliz! Lembra-te e prende-a na memória,
Agarra-a e aos poucos deixa que essas lembranças te inundem
E sente-as e revive-as e assim devagar… devagarinho...
Um pouco todos os dias…. Reaprendes a viver…
E fazes das fraquezas forças,
E fortaleces-te nas lágrimas derramadas
E quando te ergueres de novo
Dirás: Verguei com as mágoas dores e sofrimentos
Tormentos desgostos e tudo o mais que me caiu em cima….
Mas nada me derrotou! Olho bem para Mim!
Estou aqui! Nem derrotada! Nem vencida!
Estou aqui a viver um dia de cada vez …
Uma gargalhada, um canto de pássaro, o mar a sorrir,
Os campos floridos, o vento a cantar, eu a escrever,
Tu a sonhar, ele a rir, todos nós a ajudar…Somos um Só!
Somos todos uma força viva e apoiamo-nos mutuamente.
É muito importante acreditar e valorizar o momento.

2012 Olinda Ribeiro
Anónimos tristes e desesperados… ele há dias assim…