segunda-feira, 26 de março de 2012

Anjo Negro


Não quero escrever mais dores.
Nem palavras silenciosas.
Escusas de arrancar penas,
Das tuas asas de anjo negro,
Não as quero… para que as quero???
Para escrever penas com penas
Escrevo com as minhas penas…
Nem as tuas penas negras de anjo negro
São tão dolorosas nem negras
Quanto as minhas dolorosas penas,
Nem tão negras, quanto as minhas negras penas.
E esses teus gemidos são cantos alegóricos.
Tentas e sei que tentas imitar os meus silêncios,
Mas faltam-te as palavras silenciosas,
Estas mesmas palavras que me faltam,
Para descrever as minhas penas, dores, e silêncios.
Sei que tentas consolar-te com as minhas dores,
Por vezes até brilhas no silêncio negro das minhas penas,
Mas logo de seguida a auréola que emana de mim cega-te
E tu pobre anjo negro aninhas-te a meus pés e choras
No silêncio da noite desejando que chegue o dia
Para te aqueceres com um raio de sol
E sentires o calor da dor humana
Como um rio que te alimenta e por um instante
Te fazer sentir menos negro, menos silencioso…
Mais impotente… e decididamente menos anjo!!!

2012 Olinda Ribeiro
Não temas os anjos negros ou de outra cor qualquer sofrem como qualquer anjo…
E não tenho conhecimento que exista alguma lei discriminatória contra as penas das penas dos anjos…
E para que no nosso próximo encontro não estejas tão triste por teres que cumprir os teus desígnios …toma… leva uma das minhas penas… ficas com um ar mais poético!...

38 comentários:

Rui Pedro disse...

Estou assustadoramente absorvido pelo arrebatamento deste poema!
Conhecendo esta poetiza o melhor é nem tentar descodificar ... será fácil demais chamar Morte ao Anjo Negro?
Muito Bom!
Abraços

Rui Pedro

Anónima Reconhecida disse...

Olindinha, darkness? não é o seu estilo, o que se passa? adorei, um poema seu é sempre excelente, mas o que a leva a escrever assim?
Beijinhos
Anónima Reconhecida

PS: Estou a tentar desde as 11 se não entrar só amanhã á noite

Eduardo Cunha Rêgo disse...

Um Verdadeiro Monumento Poético!
A inabalável coragem que este poema encerra tem como par a imensa ternura.
Quem é esta Poetiza? Quando penso que já a conheço, vem um Anjo Negro avassalador e descobri que não sei nada de nada...! E assim me mantém seu fiel seguidor....
Beijo
e
Abraços familiares

Eduardo

M. N. Roldão disse...

e tenho a minha poetiza preferida de volta com a grande poesia!
Assumo literalmente a minha paixão pelo gótico, infelizmente muita confusão e pouco esclarecimento geram controvérsia, este poema tem muita sensibilidade e como foi escrito por uma poetiza hiper-iluminada ninguém dirá que é uma autêntica peça superstar (MAS É!)na linha nouveau darkness/noir onde se valoriza mais a introspecção sombria e cínica da alma mas genuína onde todos os sentimentos são valorizados, em oposto ao exterior agressivo e tendencioso de seguidores que nem sabem muito bem o que seguem excepto talvez uma moda...
Excepcionalmente boa esta peça!

Beijinhos

M. N. Roldão

Júlio Bastos D`Orey disse...

Olá Olindinha, ausente, no regresso um poema "muito subtil" ainda pensei num lavar de alma, mas, tem sofrimento em excesso, pelo que arrisco na dor física, só não sei se sua ou de alguém próximo, aposto em dor própria, mas a linha de roda-pé é demasiado intensa para não ser levada em conta, como sempre a dar "uma no cravo" e outra no engenho...
como sempre quem lê ganha tanto como quem escreve...
Beijinho para si e um grande abraço para a nossa família que é imensa e muito bonita.

Júlio Bastos D´Orey

Bernadette Sousa disse...

Lindo muito bom!
E estou espantada encontei este poema por acaso no Google ao pesquisar um trabalho sobre uma pintora com este nome! Vou continuar fã!

Mariazinha disse...

Um poema aparentemente "negro" mas cheio de evidente coragem.
A nossa poetiza tem destas coisas...
beijos

Mariazinha

Maria José Valladas disse...

TENS ESTE ASPECTO SOTURNO E NEGRO MAS ÉS A MINHA COMPANHEIRA, MINHA LEAL AMIGA, CONTIGO NUNCA ESTOU SÓ, E SEI SEMPRE QUE ME DIZES A VERDADE!

Para a Olinda Ribeiro um beijinho especial que descreve a dor com a mesma sensibilidade com que descreve a alegria.

Maria José Valladas

Alvaro Santos disse...

Estimada Olinda, gostava muito que um poema tão bom como este fosse somente poesia, mas conhecendo como julgo que a vou conhecendo, sei que é sinónimo de grande provação, e que a dor aqui descrita é bem real, oxalá se mantenha sempre coragem e que a força com que nos brinda seja a mesma força que a motiva para recuperar do que quer que seja que está a passar. Sei que posso afirmar que todos torcemos por si.
Beijinhos

Alvaro Santos

Anónimo disse...

Confesso que não esperava uma poesia assim sobre este tema, vulgarmente são coisas mais tétricas e violentas, fiquei a ter outra visão, talvez porque faz uma associação mais humana da dor e da morte.
Também não é vulgar encontrar uma poesia neste site onde estou, o que por si só já é um grande elogio

Hugo Santiago disse...

Olindinha! Sempre a surpreender!
Mentia se dissesse que não gostei, gostei muito, mas não estava nada a vê-la a escrever um poema destes.
Beijoca

Hugo Santiago

Maria Luísa Salgueiro disse...

Boa tarde Olindinha,
Este poema é como quando somos apanhadas de surpresa com alguma coisa verdadeiramente inesperada!
Um poema inesperado mas inesperadamente Bom!
Beijos
abraços familiar

Maria Luísa

José Manuel Antunes disse...

Que anjo negro é este que a enche de
ternura?

Abraço

J. M. Antunes

Santos Onório disse...

Olinda que poema este!
Tenho grande admiração por tudo o que escreve, simplesmente porque a sua poesia é "arte em movimento" aqui está a excepção que confirma a sua regra!

Santos Onório

Vasco Sotto Salgado disse...

Antologia de um anjo escrito por um anjo! Poético! E muito Sedutor!

Vasco Sotto Salgado

Miguel Lemos disse...

Minha querida poetiza eu gostava tanto de ser o seu anjo inspirador, gostava que um dia um dos seus poemas fosse todo meu, só para eu o guardar junto com todos os outros seus poemas e sentir-me especial!

Miguel

Luís Grillo disse...

Porque será que este poema aparentemente triste e doloroso é afinal uma ode corajosa e muito catártica e também afável.


Abraços

Luís

Antónia Matos Neves disse...

O Anjo Negro está muito feliz porque com tanto carinho ficou mais Humano!

Beijinhos

Antónia Matos Neves

Eliana Santos Silva disse...

Não sei bem como classificar este poema, só posso dizer que o li e tornei-o meu, então qualquer coisa dentro de mim ficou mais leve, pelo que só me resta agradecer creio eu!

obrigada

Eliana

Victor Gonçalves disse...

Não sei que diga!
O anjo negro está associado à morte a Olinda associa-o a um ser humano que está em sofrimento.
E a poesia acontece...

Victor Gonçalves

Gil Alves Macedo disse...

Anjo Negro ou de outra cor qualquer??? o tom de pele nunca esteve em causa, a Olinda não questiona mesquinhices... é mais uma questão de SENTIR aí a história
já é outra... porque lá vem a celebre questão: ser ou não ser

abraços e beijos para quem de direito

Gil

Tereza Assis Macedo disse...

Bom dia Olindinha,
A sua poesia é sempre uma lufada de ar fresco e este Anjo Negro a saber se é mesmo anjo ou se é a sua poesia que lhe garante este estatuto!
Beijinho

Tereza

Delfina Lonte freitas disse...

Uma cortesia angélica! As cores têm o significado que lhe é atribuído e a poetisa é colorida por natureza, pelo que o negro não tem nada de "estranho ou assombroso" talvez tristeza dependendo do estado de alma ou do "obstáculo" que tenha que ultrapassar, a coragem é mesmo necessária sempre bem como o apoio incondicional, dá e recebe ... e o nosso também!

Abraço virtual familiar para a família virtual, para a Olinda um beijinho cheio de coragem e apoio incondicional

Delfina

Daniel Sousa Braga disse...

És um anjo o meu anjo um anjo delicado e sensato que envolve os vários estados de alma sem fazer alarde do muito que pode sofrer, partilhas amor e coragem e esperança a mesma esperança que me leva a estar aqui sempre à tua espera.

Beijos

Daniel

Leonardo Brito disse...

Olá estimada poetisa, um poema que se presta a muitas interpretações, e todas elas abarcam situações extremas de dor, morte, doença, ajuda, ou simplesmente apoiar emocionalmente quem precisa. Não vejo negrume nem darkness nem gótico ... apenas vejo amizade por alguém que precisava de apoio e recebeu o melhor que a amizade pode dar.

beijos e abraços

Leonardo Brito

Vera Pires Afonso disse...

Muito bom este poema e acredito que este poema é uma resposta e dedicado à nossa leitora triste e desesperada,
como vê a nossa amiga Olindinha lembrou-se de si e respondeu-lhe.

Vera

David Sasseti Loureiro disse...

Anjo Negro ou de outra cor qualquer...adoro a maneira abusiva que a poetisa tem de dizer que todos temos lugar no sistema vital e que é nosso dever estarmos bem connosco... realmente dá mesmo muita análise mas é assim que ganhamos credibilidade...

beijos

David

Jorge Cardoso Vasconcellos disse...

Poema excepcional!Na minha modesta opinião o "tio" Santos Onório descreve na perfeição a poesia da nossa preciosa e estimada poetisa "Arte em Movimento" !!! Fantástico

beijos e abraços

Jorge

Zeferino Almeida disse...

Interessante a formula poética que a poetisa utiliza, penso que este poema é muito pessoal, muito íntimo, e na sua provação aproveita e partilha com alguém que precisa de ser consolado, aí já concordo que existe uma mágoa por alguém não levar a sério a sua dor, mas perdoa, porque sabe o quanto a dor pode afectar o discernimento...
abraços

Pela idade serei Tio-avô

Zeferino Almeida

Paulo Sousa disse...

Andava aí noutros espaços e li: Olinda Ribeiro poeta portuguesa, fui confirmar e constatei que é a nossa Olindinha, mas nada mais sabiam... então fiquei muito feliz porque aqui somos uns felizardos e somos uma família unida! E aqui a poesia da nossa poetisa tem outro encanto e outro gostinho, como este poema que fala de Anjos de todas as cores e negros também porque verdade seja dita a Olindinha é muito colorida tão colorida que adora flores amarelas!

Beijos e abraços para esta família que é um encanto e me encanta

Paulo

Duarte Soares Almendra disse...

Eis um poema cujas penas não deixam penas nenhumas pois não se sofrem impunemente, ultrapassadas as vagas de luto e as dores, vamos presumir que as palavras são agora mais livres e marcadamente mais alegres.

Abraço

Duarte

Ana Pinto e Sá disse...

Não sei mesmo como comentar um poema desta natureza!
Li! Está Lido! Nota máxima.

Ana Pinto e Sá

João disse...

Nem sempre entendo muito bem o que pretende ... mas entendo perfeitamente que a sua poesia me deixa sempre em estado de mim, in/out tanto faz.

Beijos e abraços para todos

João

Helena Ribeiro Telles disse...

Supostamente os anjos apreciam céus muito *****************************
então as ***** brilham muito mais quando os anjos têm palavras de encorajamento e penas para escreverem as suas poesias.

beijos

Helena

Paula Morais disse...

É bom é muito bom!

Paula Morais

Mário Freitas disse...

Bem assimilado este poema descreve muito bem o que autora está a passar, só uma mente muito inteligente para num poema descrever bem disfarçadamente mas intensamente o momento decisivo pelo qual passou!
Como é que tenho a certeza do que afirmo só ao ler um poema? Talvez ajude o facto de ser médico e de nos dias gerativos do poema a própria me ter chamado anjo negro algumas vezes e claro estar hospitalizada, eu ter prometido que vinha ao blogue ler e contar a história e ficar pasmado com o facto de com uma destreza ímpar descrever emoções, sentimentos, dores, e outros pacientes,.... bem tudo isto é uma bola de neve... já cumpri o prometido e aproveito vou ler mais poesia pois acabei de descobrir uma excelente poetisa!

Um grande Abraço

Mário Freitas

PS: Tem razão o espaço é muito simpático e os leitores fazem a "casa" e vou ler o patriarca

Alentejano dos 4 costados disse...

Minha poetiza alentejanita gosto muito da sua poesia nã interessa qual a cor dos seus anjos ou das suas penas...penas há-as por toda a parte

beijo e venha de lá esse abraço

alentejano dos 4 costados

Alberta Góis disse...

então o meu comentário não entra... mas que descriminação que a net está a fazer com a prima Alberta... mas eu sou uma prima muito teimosa e vou tentando até que levo o meu comentário avante....e depois faço brbrbrbrbbrr para a net!

De anjo negro ou louco todos temos muito falta é escrever assim como a nossa querida Olindinha

Beijinhos para a famílória toda e se o comentário não entrar eu tento outra vez pela vigésima...
e mais uns quantos palavrões... mas até estou a gostar .... é a ver quem tem mais garra...

prima Alberta