quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dor cruel

A dor infame aloja-se no meu peito
deixando-me perdida na noite fria
a mágoa sela a odiosa agonia
e o calor arrefece no nosso leito.

Tu meu amor que sofres tanto,
sentes nas mãos a vida desvairada…
querendo ir em teu socorro….não faço nada,
de nada valem meus suspiros, nem meu pranto.

Então rogo pragas ao destino,
que me fez amar-te sem precisão,
e destrói no bater do coração,
o desejo do amor vespertino.

Ando assim parca, esbaforida, indolente…
esfaimada de ternura e de carinho,
lavro a saudade em pergaminho,
selado com farpas de amor ausente.

Quem foi que te levou para longe?
cruel é quem te arrancou dos braços meus.
Quem foi que me apagou dos teus céus,
e meu amor transformou em monge.

É impróprio de quem ama tanto sofrer.
De toda a dor em mim já infligida,
A tua dor é das dores a mais dorida,
Pois é essa a dor que me impede de te ter.

2011 Olinda Ribeiro

33 comentários:

Alexandra Monteiro de Barros disse...

..... Olinda todo o poema é excepcional, mas foi a 5ª quadra que me fascinou, principalmente a ultima frase = e meu amor transformou em monge =. que me alertou para a subtileza de dizer que , o amor ficou solitário... muito inteligente a forma como encaixou as palavras.
bjs

Alexandra Barros

VIctor Gonçalves disse...

Sempre que alguém que ama sofre a Olinda toma para si as dores e tenta suavizar a dor de quem ama... louvável, mas nem sempre possível.
Grande abraço

Victor Gonçalves

António Prata disse...

Crueldade é a prezada poetiza arrebatar-me até aos confins e deixar-me assim sem consolo... sem um abraço de conforto.
Abraço

António Prata

Leonor Rêgo disse...

Da mesma forma a expressão de cumplicidade é também uma base de apoio a quem ama e sofre. Gosto desta poetiza, porque tem os sentimentos bem delineados e é de fácil absorção.

Leonor Rêgo

Gil Alves Macedo disse...

Estimada Olinda quando li este poema fiquei nem sei bem como... que nem me recordo se comentei, a dor aqui descrita, tem um alcance tão preciso, que me atinge sem nem bem eu saber porquê.
Abraço

Gil Alves Macedo

Fenando Portela Brito disse...

Muito dorido, mas mostra o quanto padece quem ama, quando se não pode valer quem ama.
Abraço

Fernando Portela Brito

Antónia Matos Neves disse...

Estimada poetiza este poema abana o coração até do mais forte, está muito bom.
Bjs

Antónia Matos Neves

Luís Maria Trêpa Meneres disse...

Pois não existe só felicidade.... a dor também faz parte, não querendo ser sádico, e respeitando a sua dor, a parte feliz. é que se não estivesse a sofrer, também não escreveria este excelente poema... o que seria uma grande perda.

Luís Meneres

Mateus Vaz Monteiro disse...

Muito triste, gostava de dizer que não gostei, ... mas mentia! Gostei e muito!... Talvez porque é como se estivesse a ler a minha mente e escrevesse o que leu.

Mariazinha disse...

Olindinha...... tenho uma lágrima no canto do olho!
beijinhos

Mariazinha

Dama Misteriosa disse...

:----- Tu meu amor que sofres tanto/sentes nas mãos a vida desvairada/querendo ir em teu socorro...não faço nada/de nada valem meus suspiros, nem meu pranto.

Olinda fiquei devastada com a dor imensa que nestes versos condensa.

Todo o poema é forte, cada linha bate como se fosse um vulcão a eclodir e eu estivesse no centro, mas nem eu própria se porquê estas duas não me saem da mente e estou sempre a pensar nelas:

- Quem foi que me apagou dos teus céus/e meu amor transformou em monge.



Dama Misteriosa

Fernando Arantes de Carvalho disse...

Esta dor acaba por ser fascinante, pena que tenha o sofrimento incluído.

Abraços

Fernando Arantes Carvalho

Nuno Miguel Spinola disse...

choca a beleza triste deste excelente poema.

José Carlos Vilaverde disse...

Infelizmente o sofrimento também faz parte, mas também é a razão de podermos apreciar as alegrias, e lamento a sua tristeza, mas este poema é de uma textura incrível.
Parabéns

J. C. Vilaverde

Alberta Góis disse...

Ai minha querida Olindinha nem imagino que esteja com este sofrimento atroz, consola-me saber que de tanta dor resultou um poema lindo ainda que muito sofrido.
Beijoquinhas e abracinhos que é tudo o que lhe posso enviar para a confortar.

Alberta Góis

A.A. disse...

........... Este poema deixou-me num estado lastimoso.... quem sabe sabe!


A.A.

Sargento Ferreira disse...

Muito amor e muita dor resulta um poema pungente. A estimada poetiza descreve os sentimentos como só a Olinda sabe fazer.

Sargento Ferreira

Delfina Lonte Freitas disse...

Ainda nem estou em mim, dói mesmo cá dentro, é como se esta dor fosse minha. A Olinda tem uma maneira de escrever que gera cumplicidade, é mesmo preciso ler com a mente aberta para que não se perca nada!

Delfina Lonte Freitas

José Manuel Antunes disse...

Maravilhoso poema, embora de uma dureza alucinante. Mas a Olinda não é de meios termos.
Abraço

J.M. Antunes

Alvaro Santos disse...

Boa tarde Olinda, tenho uma dor que me arrepia, este poema mexe que se farta. Mas quando a sua poesia parar de mexer....está na altura de ver o que se passa... e fazer mexer outra vez, porque já não me sai do peito.
Abraço

Alvaro Santos

Vasco Sotto Salgado disse...

O poema é um espectáculo, mas é uma onda muito dorida, desejo que ultrapasse rápido, pois gosto muito de si e não gosto que sofra.
Para conforto envio um abraço e um beijo plenos de ternura e admiração.

Vasco Sotto Salgado

Maria Luísa Salgueiro disse...

Olindinha minha querida poetiza este poema é lindo, mas muito doloroso de ler, fiquei com um nó na alma.
Bjs

M.L. Salgueiro

Miguel Lemos disse...

Poetiza dos meus encantos, não sabe que quando um homem chora é porque sofre de amor?
muitos bjs

Miguel Lemos

jonny disse...

apesar de ser muito jovem entendo perfeitamente esta dor, só espero nunca a sentir

jonny

Hugo Santiago disse...

Este poema deixa o coração apertado.
Tem dor, mas é o muito amar que se destaca.

Hugo Santiago

Santos Onorio disse...

Olinda, muito sinceramente eu quero dizer-lhe que não quero gostar deste poema, mas gosto e muito, porquê não sei, melhor dizendo sei, mas aviva dores adormecidas.
Um abraço

Santos Onório

Leonardo Brito disse...

Estimada poetiza, infelizmente a dor também faz parte do crescimento, também é uma componente muito preciosa.... embora de livre vontade a dispensássemos. Mas verdade se diga sem este sofrimento não nos brindaria com este maravilhoso poema.

Um grande Abraço

Leonardo de Brito

Carlota Rodrigues Nogueira disse...

Olinda, entendo muito bem esta dor cruel, infelizmente já a senti muitas vezes. Felizmente a Olinda ao escrever este poema lindo, até faz parecer a dor mais simpática.

Bjs

Carlota Rodrigues Nogueira

Zézinho disse...

Sra Olinda, eu e a minha esposa já choramos com este poema, estamos muito emocionados, pois já vivemos esta dor.Agora nestes ultimos 4 anos as coisa felizmente já melhoraram muito mas ainda está muito fresca esta dor.
Abraços nossos

Zézinho

Maria Costa disse...

É fácil identificar esta dor, pois a estimada poetiza descreve-a com tal precisão que é como se a visionasse.

Maria Costa

Júlio Bastos D`Orey disse...

Prezada poetiza, é muito singular a sua forma de remeter a dor para a poesia. Talvez por esta razão a sinta como minha, o que é estranho pois felizmente estou a atravessar uma fase óptima.
Grande Abraço

Júlio Bastos D´Orey

Inês Maria Sotter Andrade Pimentel disse...

por vezes já só são as palavras que escreve que me trazem à razão.
Que desnorte, mas ainda bem que escreve assim as palavras não se dispersam.

abraços

Inês

Alentejano dos 4 costados disse...

Até tremo com a dor que leio!
É um poema muito forte e bom, mas é igualmente triste. Apre.
A poesia é composta por todos os estados de alma.
Abraço

Alentejano dos 4 costados