quinta-feira, 30 de junho de 2011

Metamorfose

O que sinto agora é uma inconstância…
Fruto de um sentimento quimérico, irreal,
Amar-te agora é um passo vertical,
Uma forma de acalmar a minha ânsia.
Este meu aparente desassossego,
Não é para ti um problema,
Já que amar-te, como amo, toda plena,
Faz parte do processo curativo do ego.
Terás com certeza muita razão.
O amor não é uma coisa palpável,
Não é uma cadeira confortável…,
E saber estas coisas é a tua profissão.
Então meu querido sofres do mesmo mal.
Também amas! Precisas de amar e dar amor,
Conheces bem os meandros deste fulgor,
E sabes que “amor” é uma questão temporal.
E a felicidade que sentimos é imaginária,
E a dor é coisa passageira…. Inconsonância.
O meu afecto é só mais uma irrelevância,
Amar-te, é como uma rotina diária.
Sem dor não existe crescimento…
E já que sofro como uma desvairada,
Sou enorme! Por ser mal amada!...
A metamorfose é mais conhecimento!
Eu sou uma página ao livro acrescentada,
O meu amor é puro amadurecimento,
A dor é uma história de rir à gargalhada.

Agora que fiquei bem esclarecida,
Percebi que tudo teve uma razão.
E ao aceitar bem esta transformação,
Já posso seguir em frente, rumo a outra vida…

2011 Olinda Ribeiro

41 comentários:

Júlio Bastos D´Orey disse...

Dª Olinda...

Até fiquei sem fôlego, comento muito raramente, mas este poema é dose de leão.
E sinto um formigueiro dentro do peito, a forma como questiona o real, e sublinha que todos estamos no mesmo padrão em que amar, pode ser fruto da nossa ilusão, deixa-me sem chão. Mas inegável é que ao questionar estes sentimentos, podendo parecer um paradoxo, as dúvidas surgem, mas fazem luz onde só reinava escuridão.
Estamos sempre a evoluir.
Bem haja

Júlio Bastos D´Orey

Maria Luísa Salgueiro disse...

Olinda, até parece que estamos numa sessão de psicanálise, este texto vai-me dar muita dor de cabeça, mas se for como a estimada amiga diz:- a dor é uma história de rir á gargalhada... então vamos lá gargalhar.
Há que ler e reler muitas vezes, porque o que aqui está é deveras muito importante.
Obrigada por nos fazer pensar.

M. L. Salgueiro

Gil Alves Macedo disse...

Olinda,
mexe nos cordelinhos todos, estou a sentir uma marioneta dentro de mim.
Dá muito que pensar, e vou estar atento aos comentários, porque aqui aprendemos muito interagindo uns com os outros.
Parabéns

Gil Alves Macedo

Helena Ribeiro Telles disse...

Bem mas agora é que fiquei toda««««««««««««««((((((((((---)))))))))))»»»»»»»»»»»»»
A Olinda é muito boa a manejar o arco
a flecha acerta em cheio no alvo.

Helena Ribeiro Telles

Alberta Góis disse...

Olindinha ai então o que é isto???
Agora pôe-me toda xéréré???
sei lá o que pensar sobre tudo isto, pronto lá vou eu andar a pesquisar, mas como sempre sei que é por um bom motivo, e que a Olindinha quando fala sobre um assunto, é porque é mesmo importante reflectir sobre a "coisa".
Bem receba um beijinho... mas é mesmo um beijinho sem questão.

Alberta Góis

António Vasco Guedes disse...

Estimada Olinda
surpreendentemente continua a surpreender.
... e quem pensar que já tem certezas sobre tudo, então venha cá ler este texto e depois de o interiorizar vai ver que afinal não sabemos nada de nada...
como gosto de crescer fico muito grato por mais esta oportunidade...

António Vasco Guedes

José Manuel Antunes disse...

Prezada poetiza, verdadeiramente nem sei o que pensar quanto mais sentir.

J. M. Antunes

Alexandra Monteiro De Barros disse...

Amiga Olindinha,

não acha que com estas temperaturas já tão elevadas, este vulcão podia esperar até ao inverno para entrar em erupção.
Estou blrblebjdjl nem consigo gaguejar.
Grande mulher.

Beijoca

Alexandra Barros

Hugo Santiago disse...

Oh lálá que esta sra não brinca em serviço.
Muito interessante.
E tenho que ler e reler atentamente, porque não quero perder pitada.
E um poema muito inteligente.


Hugo Santiago

António Lopo Serzedêlo disse...

Um bom quebra cabeças, é mesmo preciso estar sempre atento há forma como esta sra constrói e alinha as frases, tem muita elasticidade, e o conhecimento vocábulático, dá-lhe manobra para uma oralidade que nos deixa atónitos, por vezes caímos na redundância de pensar que escreve fácil e que todas as palavras dizem exactamente o que parecem dizer, mas não sejamos incautos, porque as palavras têm várias interpretações,
e variadíssimos sinónimos.
Por mim vou aceitar este desafio, e aprofundar as várias vertentes deste excelente poema.

António Lopo Serzedêlo

Maria Costa disse...

Pois é por este poema e por todos os outros... que a nossa poetiza faz com que os nossos neurónios trabalhem arduamente.
É uma boa lição para quem pensa que só escreve lamechismo.

Maria Costa

Lurdes Almeida Perestrêlo disse...

estimada Olinda, veja bem o quanto a apreciamos, e como tudo o que escreve é deveras sentido e apreciado por quem a Lê.
Este Poema foi publicado ás 22h e 26m
ou seja exactamente há 2h e 10m já tem reacções que muitos srs ilustrados não conseguem nem em muitos meses de trabalho. É um verdadeiro fenómeno.
Parabéns pelo feito.

Lurdes Almeida Perestrêlo

Leonardo Brito disse...

Bom dia Dª Olinda

Parece que este poema/texto está a fazer por aqui algum reboliço.
É um tema muito interessante.
Mas para mim o que sobressai é o factor humorístico. Já tinha entendido o seu humor em outras situações, mas neste maravilhoso poema, está requintadamente incisivo.
Passa a ser um dos meus preferidos, porque revela uma inteligência, atraente tanto pela parte literária, como demonstrativa do seu eterno querer saber descobrir a sua pessoa. Parabéns a quem lhe lança estes desafios, revela-se um excelente etologista. E a Olinda revela-se há altura do repto.
Excelente momento.
Um abraço

Leonardo Brito

Tereza Assis Macedo disse...

Minha amiga,
isto é mesmo para nos fazer decidir entre o ficar pasmada a olhar para ontem, e o pôr pernas ao caminho que o futuro é já amanhã, entre estes dois pólos, diz que o melhor é viver o dia de hoje. Concordo plenamente consigo!
Um terno beijinho

Tereza Assis Macedo

José Meneres Pimentel disse...

Olinda dos meus encantos poéticos, a menina é muito marota, então acha bem fazer-nos pensar? ???
Eu acho óptimo!
Mais uma das razões porque gosto de si!
beijos e abraços que como um leitor diz a menina tem direito a tudo.


José Meneres Pimentel

Antónia Matos Neves disse...

Seja lá quem for que a inspira a escrever estas palavras, tem o meu agradecimento, porque a Olinda de facto não se deixa desarmar. E essa razão é muito importante para quem consigo interage, porque também é um estimulo para seguirmos em frente na descoberta.
Um grande beijinho

Antónia Matos Neves

Anónimo disse...

E desta maneira a Olinda nos alicia a mente e destabiliza a razão, e com um gesto galante ainda nos estimula o coração.
E eu até gostava de ser o "muso" da
sra que me tira o sono algumas vezes, e outras vezes faz com que durma como um anjinho.

Anónimo Assumido

Jorge Cardoso Vasconcellos disse...

Quando segui o conselho da minha amiga e vim a este blogue aprender e a compreender porque é que existe uma escrita chamada poesia, estava longe muito longe de pensar que me tornaria num grande apreciador deste género literário, mas mais distante ainda estou ao perceber que ainda tenho um eterno percurso a percorrer, a Olinda vira-me do avesso, e faz-me sentir que tudo tenho para aprender, tenho um curso chamado "superior", tratam-me por sr Engrº e até mostram muita consideração pelos meus conhecimentos, sou muito bem sucedido na minha profissão, e de repente dou comigo feito doido com as palavras que uma deliciosa sra escreve, questionando todos, tudo, e mais alguma coisa.... a isto chamo eu estar vivo e gostar de viver. Portanto minha estimada poetiza ainda bem que faz parte de quem sou.

Acácio Almada disse...

Entre o pensar e o sentir existe um leque imenso de sensações...e tenho a sensação de caminhar sobre as águas, este poema no mínimo diz-me que não há o receio de me afundar, porque estamos sempre em ascensão.
Por mim fico muito agradecido e bastante mais descansado...
Um abraço

Acácio Almada

Joana Fernandes disse...

Boa noite Olindinha, mas que grande pensamento, e lá embarco eu em mais uma grande aventura...
bjs

Joana Fernandes

Zézinho disse...

Boa noite sra Olinda eu sei que parece um poema difícil mas por acaso até percebi muito bem o que a sra Olinda quer dizer e quanto mais leio mais entendo que não devemos complicar as coisas porque as coisas são o que são muito bom e importante

Zézinho

Anónimo disse...

Gosto muito de brincar, e por vezes até sou um bocado infantil, mas quando se trata da poesia desta poetiza, até fico mais homenzinho, e este poema que até parece muito Sério, de facto até me faz rir, porque a poetiza brinca muito sábiamente com assuntos que normalmente até são motivo de muita tristeza. É efectivamente esta inteligência que fundamentalmente me atrai.

Anónimo muito assíduo

Beatriz Simões de Almeida disse...

Muito psicológica. Mas nada de tratar estes temas com leviandade, o quadro que me apresenta, presta-se a muitas interpretações. Veja lá não se perca pelo caminho, até porque me parece ser uma pessoa com sensibilidade em excesso.
O meio termo é numa boa nuance para o equilíbrio.
De forma alguma pretendo desmeretirizar o potencial que tem enquanto "poetiza", pretendo apenas recordar que este espaço é frequentado por pessoas que poderão não ter a sua argutice para o entendimento do que a sra escreve.


Beatriz Simões de Almeida

Carlota Rodrigues Nogueira disse...

Porque este poema me dá muito que pensar, e porque gosto da textura com que delineia o padrão do seu interior e busca constante do entendimento do seu ser, quero felicita-la pela coragem de se expor, mesmo correndo o risco de se cortar caminhando no fio da navalha.
Reparo que sendo prudente é muito audaz, e não teme cair, porque sabe que só os desistentes têm medo de se levantar e prosseguir em busca do
tesouro.
Sei que algures descobrirá que o verdadeiro tesouro, é a própria Olinda, eu também me procuro e sei que um dia me descobrirei.


Carlota Rodrigues Nogueira

Filipe Nóbrega e Mello disse...

Boa noite prezada Dª Olinda Ribeiro

Nestes momentos críticos que o país atravessa, sendo a austeridade a ordem do dia, aprecio faustosamente o esbanjar de tanto bem saber dizer.
Felizmente este é um luxo a que todos podemos ter acesso.

Filipe Mello

Dário Santareno disse...

Estimada poetiza, é um consolo abrir esta janela, e ler coisas tão intencionalmente relevantes, tratadas com respeito, mas com a ligeireza própria que o evento adquire.
+ uma vez a língua portuguesa sai a ganhar.
É uma importante passagem de retórica, para intenção configurativa e adjectivamente perfeito.


Dário Santareno

Luis Vaz disse...

Exma Sra Dª Olinda Ribeiro

Tudo tem um principio, uma razão de existir, Não é coincidência, a exma sra escrever esta "metamorfose" exactamente nesta precisa fase que estou a passar.
Sou tal como a sra, um homem de Fé, acredito, que a ajuda que pedi, me chegou através das suas palavras.
Bem haja


Atenciosamente

Luís Vaz

Anónimo disse...

Bom dia Dª Olinda

a meu ver estamos sempre em constante metamorfose, porém a sua metamorfose é belíssima porque as cores da sua natureza são sempre aveludadas, ou sedosas, mas sempre muito intensas e brilhantes.
agrada-me muito acompanhá-la neste espaço.

Lino

João disse...

Excepcional em todas as vertentes.

Maria disse...

concordo plenamente com o meu marido,
quando afirma que esta poetiza, além de nos proporcionar excelentes momentos de lazer, também nos impregna de sensações que se mantêem por muito tempo.

Maria

Sargento Ferreira disse...

Faz bem em saltar de pára-quedas, é que dar um salto destes não é brincadeira.
Boa aterragem.

Sargento Ferreira

Delfina Lonte Freitas disse...

....E se eu disser que já é a 3ª vez que comento este poema, não entendo o que se passa............ Como tenho o seu email vou enviar para os dois lados.

Mas vamos ao que interessa...
mais que um poema, é a história do entendimento do seu "amar" e agrada-me esta marotice envolvente e carinhosa, Mal amada! mas só se for por si... pelo que me é dado entender andamos todos doidinhos por si...
E o sr que a questiona, quanto a mim
também deve ter um carinho muito especial pela sua pessoa....Ou talvez não.......

Delfina Lonte Freitas

Marta e Francisco Paes Linhares disse...

Estimada sra,
Este comentário será sempre a dois,
porque nós lemos juntos a sua poesia e dialogamos sobre o que representa para nós.
Um só aparte, enquanto casal, já nos separamos algumas vezes, mas voltamos sempre a juntar-nos porque o amor que nos une é mais forte que o que nos separa, se lhe disser que desde que lemos a sua poesia estamos mais unidos e mais próximos que alguma vez estivemos, acredite que é pura realidade, pois através da sua poesia fomos limando arestas, percorrendo o nosso interior de mãos dadas, e percebendo a importunância do peso das coisas que nos desgastavam.
Faz hoje exactamente 6 meses que nos juntámos depois de 2 dolorosos meses separados, e agora temos a certeza que o nosso lugar é junto um do outro, agradecemos porque de então para cá temos conseguido ultrapassar as nossas divergências, com maior utilidade e sensatez.
Tudo começou com o seu belo soneto Fé.
Este poema Metamorfose desde ontem que nos anda a fazer cóceguinhas, pela grande harmonia que nos envolveu.
Muito bem haja e boa noite

Marta e Francisco

Vasco Sotto Salgado disse...

Boa noite prezada Olinda, quanto mais vezes leio este poema, muito mais vezes o acho fantástico, e quero transmitir-lhe exactamente este sentimento. Aqui e Agora!

Vasco Sotto Salgado

Miguel Lemos disse...

Boa tarde

Leio muitas e repetidas vezes a sua obra, dou comigo a mudar algumas atitudes, estou a ficar mais calmo e menos ansioso, até já gosto de sorrir, e se não lhe agradecer por esta transformação, sou hipócrita.
Muito obrigado por ser a curadora da minha alma.


Miguel Lemos

Maria disse...

Este troca tudo por graúdos e gosto que assim seja....
E por aqui me fico, que só não muda quem é teimoso...e quem tem a mania que sabe tudo.

Luís Grillo disse...

também quero ir nesta viajem, tenho a certeza que me vou deslumbrar

Luís Grillo

Mário Rodrigues de Sá disse...

Boa noite Olinda Ribeiro

Quando de dá a metamorfose, ultrapassa o intangível,só a perfeição fica aquém do alcance do seu brilho interno. E as estrelas mais brilhantes não atingem o brilho que a Olinda emana de dentro para fora. É pura fascinação.

B. Magalhães disse...

Eu ainda estou um bocado inebriado este poema deixa-me entre o sentir e o seduzir, e as emoções mareiam como ondas feitas só de espuma.
A Olinda faz vibrar cada pedacinho da minha mente, até sinto a careca a arder...

B. Magalhães

Mariazinha disse...

Agora é que fiquei sem força nas pernas, que a metamorfose transformou-se numa pena leve e alva.
Que poesia maravilhosa mas sobretudo grandiosa.


Mariazinha

Maria Rodrigues disse...

Bom gosto e muito credível, e muito mais plausível que o imaginário sustentado.

Maria Rodrigues